Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, caro(a) leitor(a)! Depois de tantos anos da coluna Dinheiro a Dois (mais de três, para sermos mais específicos), queremos falar de dinheiro de uma forma um pouco diferente: é bem natural que, ao tratar do assunto finanças e investimentos, temos a sensação de que, para cuidar bem do dinheiro, precisamos nos tornar especialistas no assunto. A lista de vídeos, cursos e livros só aumenta e nunca nos sentimos bons o suficiente. São infinitos relatos dos nossos alunos de mentoria que estudam, mas têm medo e se sentem incapazes de fazer sozinhos. Por isso, no artigo desta semana, queremos trazer uma verdade (e um alívio): NINGUÉM precisa ser especialista para cuidar bem do seu dinheiro.
O equilíbrio financeiro consiste em:
• Ter um bom nível de controle sobre as despesas da rotina, gastando menos recursos do que há disponível;
• Ter algum nível de segurança financeira frente a imprevistos e questões que estão fora do nosso controle;
• Ter algum grau de liberdade para fazer escolhas: trabalhar menos, tirar um dia de folga, viajar, trocar de trabalho caso não faça mais sentido, etc.;
• Ter algum investimento que garanta, no futuro, essa vida confortável que se vive no presente (a famosa e desejada aposentadoria ou liberdade financeira).
Nós sabemos: parece algo muito difícil de conseguir. Mas, estamos aqui há anos para mostrar que é possível e está ao alcance de todas as pessoas que desejam. A principal questão é: quando assistimos a um vídeo na internet ou lemos um livro, temos a impressão de que, para alcançar o equilíbrio financeiro, teremos que nos tornar um “super-humano”- é como se tivéssemos que negar nossa própria natureza.
Vivemos um momento de incompatibilidade evolutiva: nosso cérebro evoluiu em um momento em que não tínhamos tantas opções e escolhas – vivíamos nas cavernas, seguíamos a luz do sol e o principal objetivo da espécie era sobreviver e se multiplicar. A comida era escassa e com poucas opções: o homem era obrigado a caçar para comer – e isso já garantia uma bela perda de calorias. Hoje vivemos em um mundo muito diferente: a comida é abundante e disponível a qualquer momento (não vamos entrar na questão de falta de acesso, aqui estamos falando de disponibilidade). Pela primeira vez na história, os seres humanos morrem mais devido às doenças causadas pelo excesso de comida do que da falta dela.
Tudo isso para dizer que: o mundo está muito mais complexo do que nosso cérebro aprendeu a lidar. A consequência: um mar de doenças ligadas à mente; uma carga horária de trabalho infinita (quem nunca foi dormir e acordou pensando naquele problema do trabalho, não é mesmo?) e uma alta gama de opções para escolher. E o que isso tem a ver com dinheiro?
Educação financeira é a arte de fazer boas escolhas. Mas, somos humanos: imperfeitos, influenciáveis, emocionais. E a maioria dos especialistas em finanças fala de dinheiro e investimentos como se fosse possível anular todas essas “humanidades”. O que queremos te dizer hoje é que você pode cuidar bem do seu dinheiro, apesar de todas as falhas. É possível criar estratégias de organização em que haja espaço para as falhas humanas – inclusive, essas são as estratégias mais bem sucedidas. Por isso, PARE de tentar ser um super-herói na hora de cuidar do seu dinheiro: buscar essa perfeição só vai te fazer procrastinar e nunca organizar nada. Vai te levar àquele pensamento: “não é para mim”. Permita-se errar e, apesar disso, insistir. Tenha uma excelente semana, caro(a) leitor(a).