Manuela e todos os moradores do país estão em quarentena há três semanas, o que tem sido eficiente segundo ela
Da Suíça, Manuela falou sobre as medidas impostas para conter o avanço da doença (Arquivo Pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Cercada pelos países com grande foco de contágio do coronavírus, a Suíça teve que adotar medidas duras para evitar que a doença também tomasse conta de seu território. A informação é de Manuela Leonel Martines, que há nove anos se mudou para lá, com exclusividade à nossa série de votuporanguenses pelo mundo.
O país que ela escolheu para viver faz fronteira com diversos países, dentre eles a Itália, que tem 105 mil casos de Covid-19 e mais de 12 mil mortes, Alemanha (68 mil casos e 682 mortes) e França (44 mil casos e mais de três mil mortes). Diante desse quadro e dos mais de 16 mil casos da doença o governo adotou a quarentena como medida de contenção.
“Faz três semanas que estamos em quarentena. Desde 16 de março, escolas e serviços não essenciais para a população foram interrompidos, as pessoas que continuam trabalhando são somente as essenciais. Hoje nós temos um número muito grande de casos, para um país bem pequeno. Um dos grandes motivos do alastramento é por fazer fronteira com muitos países. Por conta do trabalho nas indústrias muitas pessoas desses países vizinhos vêm até aqui para trabalhar, o que provoca uma grande circulação de pessoas na borda do país”, explicou.
Apesar de um número substancial de casos, o país mantém um número baixo de mortes (395). No estado que ela mora foram registrados 114 casos confirmados e apenas uma morte.
“Está bem controlado. A quarentena tem funcionado bastante, apesar do grande número de casos na Suíça, até o momento a gente consegue perceber que tem pelo menos por aqui tem funcionado a quarentena. Acho que ninguém na nossa geração imaginou que iria passar por uma situação dessas. Estamos muito acostumados a ter tudo na mão, a ter muitas escolhas e opções do que fazer, poder fazer o que quer, como quer, dentro das possibilidades de cada um e ter que ficar em casa leva a um período de adaptação para todo mundo”, completou.
Segundo ela, a maior dificuldade é conciliar o momento de uma maneira leve e tranquila. “Fazer as crianças entenderem o que está acontecendo, porque que elas não podem sair para ir no parquinho ou porque elas não estão indo para escola. Elas querem uma atenção muito maior, estar interagindo com elas e tudo mais, temos que conciliar tudo isso para continuar trabalhando”, contou.
Sua família tem procurado sair o mínimo possível e seguir as orientações do governo, que, além da quarentena, proibiu a circulação de pessoas em grupos.
“A gente praticamente não tem saído de casa, temos ido no mercado uma vez por semana ou até menos. Os supermercados, tem uma quantidade controlada para a entrada. Quando foi anunciada a quarentena total, ficou uma situação de pânico, as pessoas correram para o mercado e ficou aquelas cenas que nós vimos na internet, de prateleiras vazias. Mas o governo e os mercados conseguiram reagir muito rápido a tudo isso, suprindo as necessidades e deixando as coisas disponíveis. O governo tem imposto muitas restrições, o número de pessoas na rua, não pode andar em grupo com mais de 6 pessoas. Isso tem sido bem controlado. Foram fechados parquinhos das crianças e parques”, completou.
Ela tem mantido contato com a família em Votuporanga e não esconde sua preocupação. “Temos acompanhado as notícias e o desenrolar das coisas por aí, as questões políticas, os casos, como isso tem chegado em Votuporanga, como a população tem reagido, os governantes e tudo mais. Isso gera uma certa ansiedade, os meus pais moram em Votuporanga, a gente fica apreensivo e acompanhando e tenta o máximo possível fazer a comunicação virtual”, concluiu.