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Cidade
‘Um dia não muda nada para o comércio, mas para nós é muito’, destaca Comunidade Negra
Direção do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Votuporanga falou sobre o feriado de segunda-feira
Após a Fecomércio SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) propor uma ação para derrubar o feriado estadual pelo Dia da Consciência Negra, vários órgãos e entidades se manifestaram. O jornal A Cidade conversou com a direção do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (CMPDCN) de Votuporanga, que comentou sobre assunto.
"É uma conquista nossa, e foi o governador do Estado que entendeu ser direito de ser comemorado em todo o Estado. Eu acho que um dia não muda nada para o comércio, mas para nós muda muito, porque é o dia que a gente faz a nossa festa, as nossas comemorações", destacou o vice-presidente do Conselho, Moisés de Matos.
A Lei 17.446/2023, sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), instituiu o dia 20 de novembro como feriado estadual pelo Dia da Consciência Negra. Moisés observou que toda conquista traz os seus percalços, as opiniões diferentes. Ele entende que esse dia deve ser de reflexão para as pessoas pararem e enxergarem para que rumo a humanidade se encaminha. “Estamos no século 21 e ainda temos que conscientizar as pessoas contra o racismo, contra xenofobia, contra as questões sociais e raciais. A ascensão do negro na sociedade ainda não é aceita, quando ele ascende profissionalmente, socialmente e financeiramente em cargos de empresas”, ressaltou.
No mês passado a Fecomércio SP propôs uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), contra a lei que instituiu o dia 20 de novembro como feriado estadual pelo Dia da Consciência Negra. A iniciativa, que questiona a legalidade da lei, ganhou o apoio do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista) de Votuporanga, que se manifestou contrário à criação de mais um feriado no Estado.
Ainda sobre o posicionamento da Fecomércio, e consequentemente do Sincomércio, o vice-presidente acredita que o mais correto seria, antes de tentar derrubar o feriado, sentar e dialogar, porque assim é possível todas as partes se entenderem, e não simplesmente já lançar algo contra. “Foi algo conquistado. São quase 300 anos de escravidão em nosso país, que foi a última nação no planeta a parar com a escravidão, não que ela tenha terminado”, pontuou.
Moisés foi enfático ao lembrar que os negros seguem sofrendo. “O negro continua morrendo nas escolas, nas ruas, nas quebradas e segue sendo um suspeito em potencial. Então nós temos todas essas divergências sociais que a semana da Consciência Negra foi feita para lembrarmos delas. A semana é propícia para nos manifestarmos”, frisou.
O vice-presidente finalizou afirmando que a escravidão é o maior genocídio que já houve no planeta. “É incalculável o número de negros e negras, mulatos e mulatas que foram mortos na escravidão, então temos esse dia para reflexão e manifestações”, concluiu.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
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