História do Estádio se mistura com a criação da A.A. Votuporanguense, após uma fusão entre os times do VEC e América, nos anos 50
O fim do Municipal: fundado em 1956, Estádio Plínio Marin recebe hoje a final da Série A3, último jogo da sua história gloriosa
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Localizado na rua Das Américas, tendo aos fundos a rua Brasília, o Estádio Municipal Plínio Marin é há décadas uma referência geográfica e afetiva para a população votuporanguense, e mais ainda para os amantes do esporte local. Das categorias de base ao futebol profissional, shows, sorteios e vias-sacras, aquele gramado recebeu a população para momentos de lazer e emoção inesquecíveis. Hoje, o capítulo final desta história tão rica se apresenta aos olhos de milhares de pessoas.
Ao apito final do árbitro do jogo entre Votuporanguense e Taubaté, independente do resultado, o torcedor deve aplaudir de pé esse estádio, que nasceu da fusão de rivalidades de uma cidade menina, ainda na década de 1950, e se transformou em símbolo de união e de orgulho, o mais puro “patriotismo” bairrista. E da parceria de dois times, o Votuporanga Esporte Clube, o VEC, e o América Futebol Clube, que surgiu a “dama de negro”, a Associação Atlética Votuporanguense, e com ela o Estádio Plínio Marin, que recebeu esse nome em homenagem ao seu primeiro presidente e grande incentivador do futebol.
Carlos Márcio
O primeiro tesoureiro da AAV, e posteriormente residente, Carlos Márcio de Castro, que hoje mora em Goiânia, lembra com nitidez da época em que o VEC, fundado em 1945 com as cores da bandeira paulista (branco, preto e vermelho) e o América, fundado em 1948, de vermelho e preto, rivais ferrenhos, decidiram se unir para dar vida a um novo clube. “O VEC era da região mais central, e o América dos lados onde hoje é o bairro São João”, lembra.
Segundo ele, foi a partir de 1955 que teve início o processo de fusão. Como cada clube tinha seu campo, ficou definido que o estádio oficial seria construído na chácara de Vicente Lupo, onde hoje está o Plínio Marin, campo do VEC. “Não pensamos na época que a cidade ia crescer tão rápido, e que o estádio ficaria numa região centralizada da cidade. A escolha se baseou pelo terreno ser mais plano e maior. “Daí iniciamos a luta para construir nesse campo, que já era do VEC, e loteamos o do América”, afirma Carlos Márcio. A inauguração aconteceu em 6 de dezembro de 1956.
O processo de transformação do campo em estádio foi possível graças a um grande esforço dos diretores, que trouxeram artistas, fizeram promoções e contaram com a doação de muita gente para construção de arquibancadas e para outras melhorias, de modo que abrigasse jogos de futebol profissional. Com essa fusão, a Votuporanguense estreou na Terceira Divisão profissional de Futebol, adotando as cores preto e branco.
E a prova de que o futebol está na veia do votuporanguense, e que quando há a união da torcida com o time o sucesso é garantido, veio já em 1961, quando a Alvinegra recebeu a faixa de campeã da terceira Divisão. Carlos Márcio lembra que o Plínio Marin viveu nessa época confrontos memoráveis, tendo como maior rival o Olímpia.
1967
E depois, em 1967, quando disputou a final da Segunda Divisão contra o XV de Piracicaba, que a Alvinegra encantou toda a imprensa paulista. Foi nessa época que o atual diretor da Rádio e Jornal A Cidade, João Carlos Ferreira, iniciou sua carreira como repórter de campo. Foi no Plínio Marin que ele viu de perto jogadores que fizeram história vestindo as cores do time.
O gol mais especial que ele leva na memória aconteceu anos depois, e foi um dos mais importantes para o futebol profissional da cidade. Em 1978, a AAV atingiu o acesso à Divisão Intermediária, correspondente hoje à Série A2. Naquele jogo, o estádio recebeu o seu maior público, 7.200 torcedores. “O jogo diante do Radium de Mococa teve o maior público e foi uma festa muito grande. A Votuporanguense fez 1 a 0 com João do Pulo, e foi campeã”.