Veja a opinião de Rogério Assis sobre o cenário esportivo local após a derrota para o lanterninha União Barbarense
**Fiasco, vergonha,decepção,humilhação... Dá para escolher o que qualifica com precisão o que fizeram os jogadores da Votuporanguense no sábado em Santa Barbara D’Oeste. O treinador Ito Roque tem sim sua parcela de culpa, assim como a direção que contratou estes atletas, mas obviamente que a maioré de quem esteve em campo. O adversário entrou remendado com jogadores que ficaram e bravamente lutaram, pois muitos ainda estão deixando o União insatisfeitos com o péssimo tratamento recebido até este momento. Não me convence a conversa de que os atletas do União mereciam respeito e que dentro de campo tudo poderia ser igual, afinal de contas não tinha sido assim com outros adversários, então não deveria ser exatamente neste fim de semana. Ouvi atentamente as emissoras da cidade, Luzes e Brasil, antes do jogo e eles davam a derrota como resultado da partida. Os radialistas locais lamentaram o que chamaram de debandada de parte do elenco, ouviram Cláudio Brito, o treinador que afirmou que mesmo assim teria que resistir. Melinho, o melhor jogador deles na chegada disse que iriam enfrentar um adversário com estrutura, que estava desde a noite anterior na região, concentrado para o jogo e que as condições da Votuporanguense eram favoráveis, ou seja ele já estava preparando o torcedor para mais um fracasso. Em campo a coisa foi bem diferente e, mesmo saindo com 1 a 0, o resultado final, humilhante e vexatório, foi dado como uma caridade ao pior time do campeonato, pelo CAV.
**A diretoria manteve Ito Roque, mas ele sabe que sua permanência no clube só vai depender de sua postura a partir de agora com o elenco. Ou ele enquadra o elenco, corrige os erros em campo e ganha do Guarani, ou então pega o boné e vai embora. Um detalhe que acho interessante, a campanha do ano passado qualificou o treinador que ganhou a confiança da torcida e da diretoria para ficar este ano, a ponto de ter participado da montagem do elenco. Não acho saudável o treinador participar ativamente destas escolhas e a diretoria do CAV já mostrou em anos anteriores ser competente o suficiente para trazer bons reforços. Pode parecer oportunismo, entendo, até porque este mesmo elenco venceu a Lusa em Osasco, mas em anos anteriores os acertos foram maiores que os erros, mas este ano pelo jeito...
**E a tal greve dos jogadores não está afetando em nada a vida do time e da imprensa, e os colegas não podem ficar reféns dos jogadores. Passei por situação semelhante nos meus tempos de rádio Clube quando cobria a AAV nos anos 80, tendo a concorrência do maior nome da reportagem local de todos os tempos, Cláudio Craveiro. O que já aumentava e muito a minha responsabilidade. Em 86, com um timaço de cobras sob o comando de João Avelino, com a presidência de Dorival Veronese, após uma derrota vergonhosa para o MAC em Marília levando gol aos 44 do segundo tempo num domingo à tarde, criticamos o time pelo péssimo desempenho em campo, o que todos, ou quase todos, viram. Me surpreendi quando cheguei no antigo "Plinio Marin" na manhã da terça-feira, na reapresentação, com João Avelino me esperando na porta do vestiário dizendo que eu estava proibido de entrar no estádio para ver o treino. Comecei a rir e antes mesmo que ele me dissesse o motivo, respondi que ele não poderia fazer aquilo, nem ele nem ninguém da direção da AAV, pois o estádio pertencia a população e não ao clube. Então, Avelino começou a gaguejar e disse que os jogadores não me dariam entrevista porque havíamos exagerado nas críticas ao time. Não me intimei com aquilo e como sempre fazia, ia normalmente aos treinos, assistia do começo ao fim, conversava com jogadores fora do ar, com funcionários e até com Veronese que pouco tempo depois, ao demitir Avelino e seu auxiliar Benê Ramos, assumiu que errou na decisão arbitrária e que privilegiava apenas, naquele momento, a emissora em que era acionista, a rádio Cidade. O elenco da AAV daquele ano, e muitos vão se lembrar, tinha Valô, Odon,Cidão,Serginho Brasília, Roberto Biônico, Sabará e outros tantos jogadores experientes que não se deixaram levar por 'mimimi’. Hoje em dia a boleiradatá melindrada demais, é uma geração fraca no intelecto (quem não souber o que significa procura no Pai dos Burros) e que lamentavelmente demonstra imaturidade em momentos como este em que se sobressai o mais forte. Não tenho certeza se é isso que acontece, mas se por acaso tem alguém no elenco do CAV que sente-se ameaçado ou chateado com críticas, ele está na profissão errada. Jogador de futebol que não tem personalidade para vestir a camisa de um time de série A2, dono de uma torcida fanática, que cobra, mas que apoia, não pode jogar em time grande. E hoje em dia tem muito jogador medíocre vestindo camisa de time grande sem merecer, mas se ele pelo menos souber aceitar e assimilar as críticas, fica.
**Após a vitória em Osasco diante da Lusa, os três pontos no sábado eram obrigação, ainda mais pelas circunstâncias que envolviam o jogo. A pressão no adversário, e os jogadores, ou pelo menos alguns deviam imaginar que a Arena estaria cheia domingo diante do Guarani, o que proporcionaria a eles, com toda certeza, a garantia da honra do que foi combinado. Votuporanga sempre foi um adversário a mais para quem jogou contra o CAV graças a sua torcida, mas os argumentos para levar o torcedor domingo, para a Arena se esgotaram. A diretoria não deveria arcar com este prejuízo sozinha, e cabe ao elenco mostrar para todo o Brasil, pois o jogo terá a transmissão do SPORTV, que tem capacidade para reverter o quadro. A greve de silêncio pouco importa desde que eles "falem" com os pés e se salvem de uma situação que com toda certeza também lhes causará desconforto e que são os principais responsáveis.