Aos 79 anos, o maior ídolo da história da Votuporanguense concedeu longa entrevista ao repórter Cláudio Craveiro, da Rádio Cidade
Fifi foi convidado ilustre para inauguração da nova Arena e acompanhou de perto o jogo inaugural (Foto: Elton Capozi/ A Cidade)
Fábio Ferreira
Quem viu Francisco Santana, o Fifi, jogar com a camisa da Votuporanguense garante que dificilmente aparecerá outro igual. Aos 79 anos, o maior ídolo da história da Votuporanguense concedeu longa entrevista ao repórter Cláudio Craveiro, da Rádio Cidade, e relembrou histórias que viveu em campo nos tempos da antiga Associação Atlética Votuporanguense.
Sempre lembrado como um dos maiores jogadores da sua época, Fifi se destacou com as camisas de clubes como Guarani, XV de Piracicaba, Fluminense-RJ e a própria Votuporanguense. “Cheguei em Votuporanga através de um convite do Frei Benjamim, que era de Piracicaba e me viu jogando contra a Votuporanguense. Então um dia apareceram lá em Piracicaba ele e o senhor Nasser Marão e depois de algumas conversas eu vim pra cá e fiquei até hoje”, contou Fifi.
Questionado sobre suas maiores alegrias no futebol, o ex-meia-direita revelou que guarda na memória a oportunidade de ter jogado pelo Fluminense “daquela época” e de vestir a camisa da Seleção Olímpica Brasileira em 1966 em um Torneio na Colômbia. “Vestir a camisa amarelinha ainda com 17 anos foi o maior gosto que eu tive na vida”, afirmou.
Ao comentar sobre qual considera seu gol mais bonito, Fifi mostrou a mesma humildade de sempre: “Eu não era de vibrar quando fazia gol. Não sei responder isso, eu jogava porque gostava”. Já para o repórter Cláudio Craveiro, um lance mágico de Fifi marcou toda a genialidade de sua carreira. “No jogo em que ele estreou com a camisa da Alvinegra, ele correu com a bola e fez fila nos adversários, depois parou e apenas pisou em cima da bola para o Lelo chegar, soltar uma bomba e fazer um golaço”.
Decepção
Mas nem só de alegrias foi a vida de Fifi em campo, ele guarda como a grande decepção de sua carreira o fato de ter ficado no banco de reservas naquela histórica final de 1967 entre Votuporanguense e XV de Piracicaba. O Nhô Quim venceu e foi premiado com o acesso para disputar no ano seguinte o Campeonato da 1ª Divisão. “Ali teve palhaçada comigo. Joguei todos os jogos do campeonato como titular e chega em São Paulo para a final eu estava na reserva. Não sei o que aconteceu, mas era um jogo de decisão e fiquei no banco”, revelou chateado.
Na ocasião, segundo o repórter Cláudio Craveiro, o então técnico Antônio Julião escalou Sérgio Moreno para a vaga de Fifi. Aliás, Cláudio Craveiro tem na ponta da língua aquele esquadrão de 1967 que mesmo com o vice-campeonato foi apontado como melhor time do interior: Raimundinho; Orestes, Flávio, Elmo e Moacir; Cardoso, Liminha, Aroldo e Fifi; Nelson Jacaré e Ivo.
Sobre alguns rumores que surgiram na época, que a Votuporanguense teria vendido a partida, Fifi faz questão de desmentir. “Esse negócio que o time entregou o jogo é tudo mentira. Se tivesse entregado eu seria um dos primeiros a falar, até porque já estava chateado por ter ficado na reserva e não aceitaria isso. A verdade é que o XV foi melhor e venceu”, contou o ex-meia-direita.
Companheiros
Fifi conta que não gosta de carregar a alcunha de maior jogador da história da Votuporanguense, segundo ele outros grandes jogadores vestiram a camisa da Alvinegra. “Muitos grandes jogadores passaram aqui, entre eles o Raimundinho, o Moacir, Orestes, Elmo, e diversos outros”. Já sobre seu maior amigo no futebol, o ex-craque não titubeou ao citar Albano Oterço, ex-jogador da Votuporanguense que faleceu a cerca de duas semanas.
Na memória de Fifi também está o saudoso Nasser Marão, que para o ex-meia-direita foi o melhor presidente da história da Votuporanguense. “Ele era um cara fenomenal, fazia de tudo pela Votuporanguense e para a cidade. Faz uma grande falta aqui”.
Plínio Marin
O antigo Estádio Municipal Plínio Marin foi por muitos anos a residência de Fifi. Era ali, embaixo da arquibancada, que ele passou boa parte de seus anos em Votuporanga. Com a demolição do antigo estádio e com a ajuda de amigos, ele hoje vive em uma residência próxima do antigo Plínio Marin, no início da rua Goiás.
Questionado se tem saudades da velha casa da Votuporanguense, Fifi responde com outra pergunta: “Quem é que não tem? Era lindo ver aquilo aos domingos”. Já sobre a nova Arena, o ex-craque conta que foi em um ou dois jogos e pede que a cobertura saia logo para trazer mais conforto aos torcedores.
Agradecimento
Apesar de sempre ser procurado pelos amigos para falar sobre futebol, o ex-meia da Votuporanguense revela que hoje não acompanha mais o esporte. “Do jeito que está o futebol eu não estou afim mais de nada. Eu quase nem ligo mais a televisão para assistir. O que eu tinha que fazer pelo futebol eu já fiz, agora não quero saber mais não”, responde Fifi.
Ao amigo e repórter Cláudio Craveiro, Fifi encerra a entrevista em forma de agradecimento pelo carinho com que sempre foi tratado na cidade. “Quero agradecer a todos que confiaram em mim e me ajudaram. E espero que a Votuporanguense volte a ser aquele esquadrão que foi antigamente”, concluiu.