Homem foi preso durante a Operação Black Dolphin, em São José do Rio Preto (SP). No entanto, pagou fiança arbitrada em R$ 5 mil e foi liberado para ser investigado em liberdade
Homem preso durante a operação Black Dolphin em Rio Preto (Foto: Arquivo Pessoal)
O juizado da Vara da Infância e Juventude de São José do Rio Preto (SP) determinou que o técnico em eletrônica, de 42 anos, preso com 200 mil arquivos de pornografia infantil durante a Operação Black Dolphin, seja afastado do convívio com os filhos. A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira (30).
O homem é apontado pelas investigações da Polícia Civil como o líder de uma quadrilha especializada em distribuir e armazenar imagens de pornografia infantil na deep web. Ele foi levado à delegacia no dia da operação. No entanto, prestou depoimento, pagou fiança de R$ 5 mil e foi liberado.
Com a decisão da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, o técnico em eletrônica não poderá ver a filha, de 9 anos, e o filho, de 4 anos, até que o resultado de um estudo técnico feito para avaliar se as crianças foram vítimas de algum tipo de maus-tratos ou abuso sexual seja divulgado.
Segundo informações apuradas com exclusividade pelo Fantástico, o homem trabalha com conserto de eletrodomésticos e tem uma vida discreta. Contudo, incentivava o compartilhamento de imagens de pedofilia na internet e passou a fazer disso um negócio.
“Ele também fazia troca de materiais e, a partir daí, montava alguns sites em que cobrava pelo acesso”, afirmou ao Fantástico o delegado seccional de São José do Rio Preto, Silas José dos Santos.
Ainda de acordo com informações exclusivas do Fantástico, o esquema virou um serviço de pornografia infantil por assinatura. No site, um anúncio oferece milhares de fotos e vídeos por cerca de R$ 130.
“Eles se conhecem na internet comum, através de sites pornográficos, e começam a fazer comentários a respeito de fotos de crianças e adolescentes em cenas comuns. A partir do momento que eles identificam as pessoas que gostam desse tipo de coisa, eles direcionam para a deep web através dessas comunidades”, também disse ao Fantástico, Silas José dos Santos.
Investigação
A Operação Black Dolphin, que contou com o envolvimento de mais de mil policiais, foi realizada em 85 cidades de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Ao todo, mais de 50 pessoas foram presas em todo o país. Na região de Rio Preto, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em Bálsamo, Monte Aprazível, Icém e Nova Granada (SP).
Todos os mandados foram expedidos pela Vara da Infância e Juventude de Rio Preto. Os presos vão responder pelos crimes de armazenar, disponibilizar, produzir e vender material de pornografia infantil. As penas para tais crimes variam entre quatro e oito anos.
Segundo a Polícia Civil, a investigação começou em 2018, ano em que os policiais descobriram um homem que pretendia vender a sobrinha para criminosos na Rússia.
O plano do suspeito era levar a criança para a Disney da Europa e entregá-la aos criminosos na Rússia, alegando que a menina teria desaparecido no parque.
A partir da descoberta, os policiais começaram a monitorar a deep web, se infiltrando em mais de 20 comunidades desse perfil, e descobriram uma rede de predadores sexuais, principalmente infanto-juvenis, que produzem, vendem e compram vídeos de crianças em situações de vulnerabilidade sexual.
“Começamos a monitorar alguns sujeitos em atividades suspeitas de transitar pela pornografia infantil. A partir daí, nós concentramos a investigação em uma determinada célula, que possuía um alvo principal", afirmou Alexandre Del Nero Arid, Coordenador de Inteligência da Polícia Civil de Rio Preto.
"Nós conseguimos identificá-lo e todos os alvos periféricos que com mantinham contato e trocavam, inclusive, material de pornografia infantil”, complementou.
Ainda de acordo com a polícia, foram encontradas mais de 10 mil contas de e-mails para esse tipo de crime e mais de cinco clouds (nuvens) exclusivas com imagens de abusos infantis. As nuvens estavam abrigadas em países do leste europeu.
Nome da Operação
Segundo a polícia, o nome da operação foi escolhido em razão dos investigados afirmarem que as leis brasileiras “são ridículas” e que não haveria prisão, no Brasil, capaz de segurá-los. Somente a prisão Colônia 6 Russa, conhecida como Black Dolphin, seria capaz de detê-los.
A prisão, localizada na fronteira com o Cazaquistão, é conhecida por abrigar presos condenados à prisão perpétua e pelo rigor no tratamento dos detentos.
*Com informações do G1 São José do Rio Preto e Araçatuba