O tabagismo está intrinsecamente relacionado ao câncer mais comum e letal no mundo, o câncer de pulmão. São estimados mundialmente mais de um milhão e seiscentos mil casos dessa neoplasia. Os dados levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão tem como principal fator de risco o tabagismo. O risco de um paciente tabagista que fuma um maço de cigarros por dia durante 40 anos é 20 vezes maior que uma pessoa que nunca fumou. O risco acumulado de um tabagista ter um câncer de pulmão chega a 30%, enquanto que nos não fumantes o risco é inferior a 1%.
Cerca de 96% dos brasileiros tem conhecimento de que o tabaco faz mal à saúde. A relação entre cigarro e neoplasia de pulmão é conhecida desde 1964 e mesmo assim ainda há mais de um bilhão de pessoas no mundo que fumam. Felizmente, a prevalência do tabagismo está em queda, o que acarreta em uma diminuição da mortalidade por câncer de pulmão. Mas apesar do declínio do tabagismo, segundo o INCA, no mundo, calcula-se que o fumo seja responsável por mais de cinco milhões de mortes a cada ano. Se as tendências atuais de consumo dos produtos de tabaco persistirem, esse número pode superar oito milhões de mortes anuais até 2030. Quanto ao fumo passivo, estima-se que cerca de 600 mil pessoas são levadas à morte por exposição à fumaça do cigarro.
A principal medida preventiva para essa doença tão grave é evitar o uso do tabaco e ajudar os pacientes tabagistas a interromper o uso. Nos tabagistas o risco para desenvolver câncer diminui progressivamente, porém mesmo após 15 anos sem cigarro, o risco segue duas vezes maior do que na população geral.
Os dados brasileiros mostram que no Sistema Único de Saúde (SUS), infelizmente a maioria dos pacientes são diagnosticados com a doença em estágio avançado, muitas vezes numa fase incurável.
Apesar dessa relação poderosa entre carcinógenos do cigarro e câncer de pulmão, não houve nenhuma medidade eficaz clara para realizar a prevenção da doença. Diversos estudos promissores tentaram utilizar a reposição vitamínica como vitamina A e E visando reduzir o número de casos de câncer entre os tabagistas, porém não se mostraram eficazes. Em relação a exames preventivos, o uso de tomografias de baixa dose de radiação pode ser útil, porém essa tecnologia não é ainda oferecida de rotina.
A melhor maneira para prevenção dessa grave doença é evitar o tabagismo. Para quem quer abandonar o vício de fumar, a melhor estratégia é ter acompanhamento médico, onde será possível realizar reposição de nicotina e terapias medicamentosas, além de estratégias motivacionais e emocionais.
Dr. Tiago Kenji Takahashi é oncologista do Hospital Sírio-Libanês