Maior contratante brasileira durante os últimos anos, a construção civil perdeu alento e o posto para as obras pesadas, de infraestrutura, como o segmento que mais emprega no país atualmente. Nos últimos doze meses, 92,3 mil pessoas foram contratadas na área de infraestrutura ante 43,1 mil vagas de trabalho formal abertas na construção civil. Outros 45 mil postos foram criados no segmento de serviços de obras, totalizando 180,5 mil empregos com carteira assinada no setor da construção como um todo. Os números mostram que ainda há muito o que esperar da construção pesada nos próximos anos, principalmente pelas políticas governamentais de incentivo às obras ligadas a energia elétrica, água, telecomunicações, esgoto e transporte por dutos – destaques do setor de infraestrutura. O emprego nessas áreas apresentou um espantoso aumento de 873,9% nos últimos doze meses.
Esse aumento tem uma explicação: a necessidade urgente de se investir na infraestrutura por todo o país. É inadmissível, por exemplo, que a sexta economia mundial às vésperas de dois eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada tenha gargalos em telecomunicações, como a reduzida rede de fibras óticas, passando pela ausência do sistema 4G de internet rápida, entre outras carências. Também não dá mais para aceitar que uma porcentagem tão alta de famílias convivam, em pleno século 21, com a ausência parcial ou total de rede de tratamento de esgoto.
Apesar da situação de quase pleno emprego, o setor de infraestrutura enfrenta o problema comum a todas as áreas que ingressem numa fase de crescimento acelerado: a escassez de mão-de-obra qualificada. Um especialista do setor confidencia que nem é a falta de profissionais preparados o principal entrave, mas a dificuldade de encontrar pessoas para qualificar, tamanha é a necessidade e a quantidade de projetos importantes em andamento por todo o país.
Com a crise internacional, um espaço foi aberto para novos atores e o Brasil tem a oportunidade ímpar de tornar-se cada vez mais protagonista no cenário global. No entanto, para não perder a chance e ver o tempo passar, é preciso investir em educação, desde a fundamental até a pós-graduação. A formação de uma nova geração de cientistas e especialistas em áreas estratégicas pode trazer a certeza de um futuro bem melhor e de uma duradoura era de desenvolvimento sustentável.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.