Estava sentado numa cadeirinha, no pátio do posto, imaginando que tipo de artigo ficaria bem para esta véspera de eleições. Não estava me sentindo confortável para escrever sobre essas eleições, pois, afinal, estes dois dias são um espaço de tempo em que o cidadão precisa ficar liberado de palpites para exercitar o que dita sua consciência. Até esta data, já ouviu muita conversa e propostas, agora é tempo de analisá-las.
Mas, ao estar ali sentado e meditando, chega um dos padres locais e me cumprimenta educadamente. Percebi que o mesmo havia ido a Santa Casa levar orações e bênçãos para os pacientes. Com isso, me recordei de fatos e cenas que tenho assistido durante minha vida. Lembrei-me de como, com muito mais assiduidade, as pessoas num passado nem muito remoto, procuravam se solidarizar com aqueles que passavam por momentos de dificuldade, tanto de saúde como de outras coisas. As famílias se visitavam e se ajudavam, parentes ou não. Havia uma preocupação com o semelhante muito maior que hoje, ou seja, o tal de mundo não era tão frio e calculista, sem duvida, era mais humano.
Não estou escrevendo assim porque estou revoltado com alguma coisa, estou escrevendo assim porque penso que é dever de quem tem sentimentos ensinar aos mais jovens que a vida só é alegre e boa quando, principalmente, as pessoas em nosso entorno se sentem bem. Ensinar aos jovens que os bens materiais são importantes para que possamos ter mais facilidades, sem dúvida, mas não é o fundamental para o que entendemos por felicidade. Ensinar aos jovens que o respeito e o entendimento de uma vida comunitária são mais importantes que o egoísmo pessoal. Lembra-lhes que a inveja corrompe nossos comportamentos e, se ficarmos atrelados a mesma, estaremos fadados ao insucesso da tranquilidade.
Sei lá, é tão difícil tentar passar boas coisas sobre comportamento para tantas cabeças diferentes, pois, em alguns casos podemos ser mal interpretados. O tal de comportamento abrange uma vastíssima área de nossas vidas e relacionamentos, em regiões e comunidades distintas, que às vezes o que não é bom em um lugar pode ser virtuoso em outro. Acontece que, ao nos vermos convivendo em uma comunidade, é dali que temos de basear os nossos comportamentos e, aqui no nosso Brasil, existem regras para convivência comunitária. Ao nos vermos, assim precisamos respeitar essas regras. Ao fazer isto, demonstramos civilidade e, se algum se desvia e nos é dado a oportunidade de ensiná-lo, devemos fazer isso da mesma forma que os religiosos fazem quando levam conforto a quem precisa. Por mais simples que sejamos, porém, dotados de boa vontade, saberemos passar para quem precisa algumas boas regras. Com isso, estaremos ajudando construir uma comunidade solidária e bem intencionada para, com conhecimentos suficientes, saberem discernir, quando necessário e em momentos oportunos, aquilo que melhor servirá ao conjunto de pessoas que ali residem e, com clareza, bom senso, liberdade e educadamente escolherem seus rumos. Um povo que possui e valoriza bons comportamentos é um povo respeitado.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados