Um país só atinge um avançado grau de desenvolvimento se investir fortemente em inovação tecnológica, pesquisa e capital humano. Esse conceito foi o alicerce do crescimento de países como Estados Unidos, Japão e Alemanha, para citar só alguns, e está se tornando unanimidade nas nações em desenvolvimento, como a China e a Índia. No Brasil, apesar de termos avançado muito nos últimos anos, a produção tecnológica ainda caminha devagar.
Um dos índices que servem para medir o desempenho dos países em relação à produção de inovação tecnológica é o número de patentes registradas na Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), por meio do Tratado de Cooperação de Patentes (PCT na sigla em inglês). Nesse levantamento, o Brasil ocupa o 24º lugar num ranking de 144 países, com 572 pedidos de registros de patentes em 2011. Mesmo com a melhora de 17,2% em relação a 2010, ficamos atrás de outros países em desenvolvimento como China (4º lugar), Índia (17º) e Rússia (21º).
Se regionalizarmos o problema, o cenário no Estado de São Paulo não reflete a ordem nacional. Graças a uma política de desenvolvimento voltada ao incentivo à inovação e à pesquisa, São Paulo se destaca cada vez mais como polo da produção científica do país, com centros de conhecimento reconhecidos internacionalmente, como a USP e a Unicamp, por exemplo, e como grande celeiro de incubadoras de empresas inovadoras.
De acordo com pesquisa realizada pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), São Paulo é o Estado que reúne o maior número de incubadoras implantadas, são 187 de um total de 384 em todo o país. O Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), ligado à USP, é hoje um dos maiores pólos incubadores da América Latina, com 125 empresas em gestação e que faturaram mais de R$ 50 milhões em 2011.
Além de aumentar a produção científica, outro desafio a ser enfrentado pelo país é transformar esse material acadêmico em produtos com grande valor agregado e as empresas inovadoras em empreendimentos economicamente viáveis. Nesta fase, o apoio de instituições de fomento e investidores-anjo é essencial. Em São Paulo, o Governo do Estado, por meio da Desenvolve SP, lançou recentemente o Programa São Paulo Inova, juntando em uma só iniciativa, os benefícios do financiamento sustentável ao dinamismo dos Fundos de Investimento em empresas emergentes (capital-semente).
O São Paulo Inova, além de financiar empresas inovadoras em estágio inicial ou as já constituídas, com linhas de crédito com juros diferenciados, que podem chegar à zero, traz um conceito pioneiro ao propor a constituição de um Fundo de Investimento em empresas inovadoras. Liderado pela Desenvolve SP, o Fundo deverá ter um patrimônio de R$ 100 milhões e já conta com investidores como FINEP, FAPESP e Sebrae-SP.
Aumentar a produção científica e a criação de produtos com alto valor agregado precisa ser uma prioridade para o país. A inovação tecnológica está no DNA do Estado de São Paulo. Temos o desafio de continuar na liderança desse mercado e cada vez mais oferecer as condições necessárias para formar talentos e atrair empresas inovadoras, capazes de contribuir com o crescimento e o desenvolvimento sustentável da economia.
* Milton Luiz de Melo Santos é economista e presidente da Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista