Os Estados Unidos recentemente enfrentaram a pior seca dos últimos 50 anos, entretanto os agricultores norte-americanos estão tendo um ano de excelentes lucros, em função das altas recordes nos preços e das reivindicações de seguros (sim dos seguros). Segundo informações da agência internacional de notícias, Bloomberg, a renda do agricultor aumentará 6,9% nesta temporada.
Enquanto na parte de baixo do continente, nós brasileiros estamos eufóricos com a desgraça alheia, e comemoramos os preços do milho e da soja, como se estivéssemos no paraíso. A satisfação é tanta que os produtores não estão nem um pouco preocupados com os colegas criadores de frango e suínos. O importante é plantar que o preço está bom.
Qual a garantia que nós temos? Em que devemos confiar? No mercado? No governo? No seguro? Seguro? Epa! O seguro safra ou garantia safra do Brasil paga R$ 680,00 divididos em cinco parcelas mensais. Ah! Tem também o bolsa estiagem que paga R$ 400,00 também divididos em cinco vezes (mas espere! o governo aumentou para sete parcelas esta semana, agora melhorou muito, que bom!). Esses benefícios são anunciados com orgulho pelo governo que utiliza o populismo como ferramenta de manutenção do poder.
O fato é que o produtor brasileiro que é responsável por uma parcela significante do PIB brasileiro não recebe nenhum respeito. Não tem acesso à tecnologia, não tem linhas de créditos sólidas, não tem política de preço, e ainda é taxado de vilão do meio ambiente.
Existem muitos agricultores, aliás, a grande maioria, que adubam seu solo sem saber o que realmente teria que aplicar, pois uma simples análise de solo tem seus custos, e o ministério da agricultura disponibiliza seus técnicos na maioria das vezes para aplicar multas.
O Brasil possui grandes recursos hídricos e planta milho em área de sequeiro as margens do Rio Grande. Conseguir a água é mais difícil do que se pensa. É preciso que se obtenha, da Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), a outorga para o uso da água, e os caminhos burocráticos não são fáceis de percorrer. “Sem a liberação da água não se começa nada.”, enquanto no Estado de Nebraska, nos Estados Unidos, menor que Santa Catarina, existem 55 mil unidades de pivô central.
Enquanto o Brasil tratar a agricultura com um segmento inferior, seremos fadados a comer na mão dos países ricos. Temos todas as condições de sermos a mola mestra do mundo, todavia vivemos dependendo de tecnologia importada para produzir. O pior é que a tecnologia que chega até aqui, já vem com cinco e até dez anos de atraso.
Oxalá que alguém no poder olhe para o campo com outros olhos, e veja no produtor rural a saída para o mundo. Afinal, no Brasil tudo o que se planta dá, mas a qualidade depende de apoio e este apoio não vem, eu posso dizer isso com toda convicção, pois vivencio o mundo rural há quase três décadas.
*Antônio Lima Braga Júnior
toninho.braga@hotmail.com