A globalização das notícias, a rapidez dos fatos que invadem a mídia virtual e física relatam a tensão e o medo que se encontra a capital do Estado mais rico da nação. Pouco antes de iniciar este artigo, recebi a ligação de uma grande amiga falando do terror que tem vivido para trabalhar em um dos hospitais que estão geograficamente colocados no centro da batalha travada por criminosos e policiais em São Paulo.
Compartilhando do seu medo, da insegurança que temos aprendido conviver mesmo estando longe dos grandes centros, com altos índices de criminalidade e de autoridades, que de mãos atadas, desculpam-se como se isso fosse um sintoma do progresso.
Mesmo não sendo um especialista na área, não posso ausentar-me de uma discussão tão pertinente, visto que, junto a milhares de homens e mulheres anônimos, enchemos os cofres estatais de impostos, fruto do nosso trabalho, riquezas que deveriam nos garantir o mínimo de segurança para ir e vir com paz e sem medo.
Mas, o que faz o Estado de São Paulo ser o mais rico da nação ao mesmo tempo um dos que menos remunera os agentes públicos de segurança (policiais civis e militares)? Acerca dessa reflexão, chegamos num ponto crucial que infere diretamente todos os cidadãos e contribuintes conscientes: a política de segurança pública do nosso Estado tem demonstrado estar aquém das necessidades e da grandiosidade de São Paulo.
Tratam-se de escolhas políticas, estratégias de gestão pública no mínimo controversas, dentre elas a falta de concursos públicos para suprir a demanda de policiais e delegados que se aposentam, acordos que possibilitam aos policiais militares trabalhem no horário de folga para complementar sua renda, em vez de tornar dignos seus salários e permitir o justo descanso, indispensável e definido por lei.
Sem falar no fechamento do 2º DP do Pozzobon, bairro com maior índice de criminalidade da cidade e que irá perder um dos seus poucos aparelhos de segurança. Ou ainda, do desmantelamento da função das Delegacias de Polícia nas cidades pequenas, possibilitando que estas se tornem aos poucos verdadeiros centros de distribuição e comercio de drogas.
Por isso, sem condições técnicas para vislumbrar uma solução a curto prazo, finalizo, sensibilizando-me com a aflição dos corações de cada mãe, pai, esposa, esposo, filhos e parentes de policiais, que nos últimos tempos convivem com o medo de perder seus entes queridos para o desmande dos criminosos e a irresponsabilidade do secretário de Segurança e do nosso governador. A estes homens e mulheres, policiais, que se arriscam cuidando de nós, mesmo não tendo um salário digno, saibam que vocês são nossos heróis: muito obrigado!
*Pe Marcio Tadeu Reiberti Alves de Camargo - Pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus