Meu Deus, ainda não acredito que estou aqui com a menina do sorriso encantador. Meu corpo dói pelo tombo, mas meu coração grita e chora de emoção. Eu levantei com os olhos fixados na garota. Não quero perdê-la de novo.
- Oi. Acho que nós vivemos nos esbarramos, não é? – Ela com um sorriso disse calmamente estas palavras. Eu, claro, sorri.
- Oi. Como eu espero por este momento. – Desabafei sem pensar.
- Oi? O que disse? – Ela virou um pouco a cabeça e me olhou de perfil. Como é bela.
- Esqueça. Não disse nada de importante.
- O que você cursa? – Ela perguntou com a voz mais melódica de que eu já vi.
- Letras. – Sorri com nervosismo – E você?
- Ah, eu? Faço pedagogia. Mas somos atrapalhados mesmo. Perguntei seu curso, antes de seu nome. – Rimos – Agora me diga, qual é o nome que carrega?
- Alex. E o seu é?
- Grazielle.
- Oi, Grazielle. – Peguei sua mão direita e levei aos meus lábios, beijando-a como na moda antiga.
- Nossa! Mas você é um cavalheiro. Não encontramos mais. Meu namorado nunca fez isto.
- Teu namorado? – Fiquei branco e automaticamente larguei sua mão macia e cheirosa.
Senti que ela fechou o sorriso.
- O que foi? Falei algo indesejado?
- Não. Imagina! – Na verdade diário, ela falou o que nunca imaginara. Ela tem namorado. Isto me fez sentir uma dor que corroia meu peito e maltratava meu coração.
- Já sei. Você não gostou do que eu disse.
- E o que disse? – Estava sem reação. Não conseguia mais a encarar. Isto me deixou desestimulado. Sempre chego atrasado.
- Ah. Olhe para mim. – Ela pegou sua mão e levemente levantou minha cabeça, olhando para meus olhos. – Não será por causa disso que você não falará comigo, certo?
- Tudo bem. – Esquivei do seu olhar. Não queria mais sofrer com amor não correspondido. Queria sair dali o mais rápido possível.
- Por favor. – Ela puxou meu rosto mais uma vez para seus olhos arrebatadores.
- Adorei lhe conhecer, mas...
- Mas o quê? – Percebi que ficou um pouco preocupada.
- Eu... Gostei de você desde a primeira trombada. Procurei você por um ano e você tem namorado.
- Como assim? Não estou entendendo?
Caramba diário, percebi que ela ficou nervosa pelo meu desabafo revoltado.
- Mal nos conhecemos. E gostei de você, mas como amigo. Eu namoro há dois anos.
- Tudo bem. Agora preciso ir, pois tenho aula de Linguística. – Saí de frente dela e prossegui para a sala. Parei antes de entrar, olhei e ela continuava lá, mas me olhava rindo.
- Não quero parar de falar com você. Prometa que continuará falando comigo?
Balancei a cabeça no sentido de sim e abri a porta. Todos da classe me olharam.
- Desculpe professor. – Sentei emburrado.
- O que foi? – Perguntou Danusa. Eu apenas levantei a mão, dizendo “deixa-me”. Ela entendeu.
*Alex Aleluia é professor de Língua Portuguesa e autor de livros