Meu coração apertava, meu peito doía e minha ansiedade aumentava. Terminei meu terceiro ano com estas dores. Não sei se são dores, mas ficaram marcados para sempre em minha vida. Achava que era amor, pois tudo isto só tinha efeito quando se lembrava de uma garota que estudou comigo estes anos do colegial, mas fomos apenas amigos.
Cheguei à faculdade com este sentimento que ainda dominava o meu peito. Achava que ainda ela gostava do seu ex. E com a falta de convivência se esqueceria fácil, fácil deste cara apaixonado.
O fato era que estava em uma nova etapa da minha vida. FACULDADE. O bicho de sete cabeças chegou. Minha aflição e meus sentimentos, um pouco confusos, se mantinham em meu coração.
Ao descer do ônibus no estacionamento, sinto cheiro de mudança. Sinto cheiro de um passado que já era passado, mas se exalava por minhas veias e pensamentos que insiste em se lembrar.
Desci extasiado. Desci animado. Era uma grande vitória estar aqui, pois consegui chegar a faculdade, pois minha família não tinha habito de estudo. Achava que se estudar ficaria louco. Acredita?
Ao caminhar no estacionamento, sentido ao mural para ver onde ficava minha sala. Meus olhos enxergavam longe. Queria adivinhar o que estava por vir. Queria me mostrar o que me esperava. Caminhando alegre, vibrado e muito, muito esperançoso senti um choque. Senti uma quebra de pensamentos. E tudo desmoronou. Esbarrei em alguém. Caí.
Minha face, senti queimar, acho que estou com vergonha. Esbarrei em uma menina e tudo caiu. Meu caderno novo, meu estojo e meus pensamentos. Olhei para a garota causadora desta quebra e pedi desculpas. Mas seus olhos me fisgaram. Levando para os mais profundos sentimentos e ilusões. Senti a alma daquela garota. Seu sorriso amarelado virou um sorriso vibrante. Aquele sorriso, jamais esquecerei. Ela ajudou a recolher o que havia caído, mas o mais impressionante é que consegui resgatar tudo, menos os sentimentos que tinha por àquela garota do colegial. Como em um passe de mágica. Tudo sumiu. Seu rosto, seu sentimento e minhas ilusões. Mas acho que o sorriso desta garota que acabara de esbarrar cobriu de alguma forma meus sentimentos. Minhas aflições e minha decepção por passar o colegial inteiro sem tocar nos lábios da minha amada, quero dizer, de quem eu achava que era minha amada.
Nunca vi um sorriso como este. Diário, parece que sinto ainda a sensação deste sorriso. Que Sorriso! Um clarão incendiou meu peito e automaticamente sorri, de uma forma jamais vista. De uma forma jamais sentida. Será que no primeiro dia senti o que é amor de verdade? Meu Deus!
Pegava calmamente o material e ela recolheu com uma agilidade fantástica. Ela parecia também insegura, radiante e glorificada por estar ali. Eu senti isto! Um homem sente isto. Um homem sabe o que é o amor!
Levantei olhando por baixo, mas firmemente para seus olhos. Eu, com muita vergonha, falo apenas uma palavra: DESCULPE e ela, com outro sorriso lindo e fantástico, respondeu dizendo que não foi nada. Fiquei parado. Olhando. Seus olhos, cor de mel, traziam a doçura de sua alma e mostravam uma menina incalculável, ou o melhor, invejável.
Ela virou as costas dando um tchau com pouca voz, mas com muita intensidade. Esperei a entrar na faculdade para eu caminhar. E agora?
*Alex Aleluia é professor e escritor de várias obras