Um ano se passou diário. E nada! Não encontrei minha amada. Fiz muitas amizades, conheci muita gente legal. Não fiquei para recuperação nenhuma vez e muito menos de dependência. Tenho pouco tempo para estudar. Somente na hora do almoço. Faço alguns esquemas dos conteúdos em pequenas folhas e quando vou ao trabalho e volto, continuo lendo, entendendo e ainda sonhando.
As pessoas marcantes neste ano foram minha amigas Danusa, Graciele e ainda Larissa. Três pessoas fantásticas e deslumbrantes. A Graci tentou me ajudar a encontrar a menina do sorriso radiante, mas nada. Não encontramos. A Danusa é espontânea e amicíssima. Ela nos contava tudo e eu também. Ela realmente é incrível. Já a Larissa, uma menina doce e quase nem falava, mas seu olhar dizia o que ela não tinha coragem de falar.
Todo fim de ano, na virada, peço algumas coisas e agradeço outra. E advinha o que eu pedi? Apenas que encontrasse aquela menina. Que sentisse apenas aquela alma. Não quero mais ninguém. Somente aquela garota, aquela mulher.
Janeiro passa rastejando-se e chega o dia para ir a faculdade. Meu segundo ano. Meio de um sonho. Contei as horas neste dia. Contei os minutos naquele ônibus. Chegamos. Ui o primeiro a descer e quando piso naquele estacionamento, meu coração dispara. Nem acredito que um ano já passou. Nem acredito que estou aqui mais uma vez.
Hoje faz aniversário, data que conheci o sorriso de verdade. Meu Deus. Como pude ficar tão envolvido por um olhar? Olhei tantas garotas, tantas mulheres e não consegui sentir o mel dos olhos.
Comecei a caminhar e olhava para todos os lados. Quem sabe não vejo. O sorriso vinha em minha mente. A alegria sacudia meu coração. Quando senti uma trombada nas costas e olhei para trás com muita raiva, caído no chão, e falei alto “Você não olha para onde anda?” Quando olhei. Era ela. Era a garota. Meu coração palpitava com um ritmo afogador.
Percebi que ela ficou vermelha e meio constrangida. Levantei – me rapidamente e ela me pediu desculpas sem sorrir. Ela seguiu e eu peguei meu material enraivado. Como pude ser tão grosseiro com alguém que eu amei desde o primeiro minuto.
Peguei meu material com muita rapidez e sai correndo em busca da garota. Trombei em muita gente e fui falando desculpas para tudo e para todos. Mas não consegui encontrá-la. Será que ela não existe?
Fui para sala com uma grande tristeza. Deixei meu material e esperei a Danusa. Quando ela chegou contei o que havia acontecido. Falava alto na sala quando uma colega de sala me disse:
- Eh, Alex, vi você trombando em minha amiga.
Aquela frase estrondou meu peito. Derrubou minha tristeza. Sorri e olhei para ela:
- Como é? Você conhece aquela menina?
- Claro. Ela viaja comigo todos os dias. Desde o ano passado. Não tenho tanta amizade, porque ela senta no fundo, mas sim. Conheço.
- Eu procurei aquela menina o ano passado inteiro.
- Para quê? – Perguntou.
- Ah, O Alex está apaixonado por ela desde quando a viu. – Disse Danusa com um sorriso de alegria. Tenho certeza que ela vibrava junto comigo.
- O que ela faz, Edlaine?
- Ela faz Pedagogia. Acho que está no 3º semestre.
- Hum. Virei à cabeça para frente e a Danusa sussurrou – Vai lá bobão. Vai ver a menina do sorriso radiante.
Então me levantei. E sai correndo em busca da sala. Fui até o prédio de Pedagogia. Nunca tinha vindo aqui. Fui em todos, menos aqui. Não sabia que havia este prédio. O segurança que me disse. Cheguei à sala e vi uma loira, alta, parada e perguntei se ali era o terceiro semestre. Ela me respondeu que sim. Coloquei minha cabeça na porta e comecei a procurá-la, mas nada. Não encontrei.
Fiquei ali perto da porta esperando. O sinal bateu e quando percebi todos já estavam na sala. Meu Deus! É aula do professor Zé Carlos. Saí em disparada e cruzei a faculdade como um carro de corrida de fórmula um e ao virar para chegar ao meu corredor. Trombei em uma garota e o tombo foi muito forte. Doeu tudo. Olhei e era ela. Era a garota que tanto procurava. Só estava eu e ela neste corredor com um tombo do destino.
*Alex Aleluia é professor de Língua Portuguesa e escritor de várias obras