Há muito tempo deixou de ser novidade o aumento na expectativa de vida dos brasileiros. E isso se deve não apenas aos avanços da medicina, como também à mudança de comportamento, tanto na alimentação quanto hábitos rotineiros da população. Somado a isso, difundiu-se a necessidade da prática esportiva, em todos os níveis. O resultado é a maior variedade nas opções de lazer, a maior participação do idoso na vida social e esportiva, ou seja, uma melhor qualidade de vida. No entanto, enquanto ficam nítidas as consequências dessas alterações, também fica exposto o outro lado da moeda: as nossas carências.
Protegidos por uma legislação ainda incipiente, os nossos idosos ainda não se conscientizaram de que muito há que ser feito para que possam exercer os seus direitos em toda a plenitude. E essa luta não está apenas na reivindicação do estacionamento no shopping, ou no banco colorido do metrô, no espaço para ginástica em locais públicos, muito menos na exigência de privilégios na fila do banco.
Com uma maior expectativa de vida e o consequente envelhecimento da população, percebe-se um maior número de idosos nas ruas e praças, e até mesmo a sua presença no mercado de trabalho. São muitas as empresas que se aproveitam da experiência dessas pessoas, tanto para motivar os mais jovens, quanto para ajudar no crescimento profissional da equipe. No entanto, essa participação não deve ser vista apenas como complemento da renda familiar. O idoso, ao mesmo tempo em que disputa espaço no mercado de trabalho, mostra uma força que nem sempre é notada pelo Poder Público.
Ao mesmo tempo que finge ignorar os direitos dessa camada da população, o poder público manifesta o interesse no seu poder de consumo e a maior prova disso é o incentivo que dá ao crédito consignado. Assim, ao mesmo tempo que incentiva e abre espaço para que o idoso possa consumir, ele mostra um paradoxo quando finge ou ignora que cabe a ele, Poder Público, dotar o idosos dos mais elementares direitos: saúde, lazer, segurança. É evidente que esses direitos são de toda a sociedade; no entanto, fiquemos com o idoso.
Embora ainda longe do que seria o ideal, percebe-se que o pessoal da Melhor Idade mantém um ritmo mais intenso, se compararmos com o que ocorria no passado. A sua participação é nítida, tanto no setor de turismo como nos eventos culturais. E não podemos nos esquecer que até nos bancos escolares está sendo constatada a presença dessas pessoas. Isso, tanto nas universidades como nos cursos de idiomas, de artes, e mesmo de artesanato. O que era uma simples manifestação isolada se transformou em um movimento expressivo.
Apesar do quadro animador no que tange à participação, muito ainda precisa ser feito. A situação exige maior consciência dos seus direitos e deveres, porque tão importante quando lutar para a manutenção das conquistas, cabe aos nossos idosos reivindicar sempre, não apenas para mostrar a sua força, a força de uma nação de idosos, como para alertar os jovens – futuros idosos – de que a semente precisa ser plantada agora, para que, no futuro os seus caminhos sejam mais floridos.
*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado. Acesse: www.vitorsapienza.com.br