Participei das duas últimas aulas, mas minha mente estava na minha conversa com a menina que roubou o meu sossego. A Danusa olhara para mim com muita curiosidade em saber o que havia acontecido, pois minha cara não era de boas amizades.
Bateu o sinal. Peguei minhas coisas e saí sem falar com ninguém. Fui direto ao meu ônibus. Minha velocidade aumentava junto da minha raiva de chegar sempre atrasado em quem eu gosto. Por que comigo?
Ao chegar perto do meu ônibus no estacionamento, escuto meu nome. Viro para o lado e vi Grazielle. Parei. Minha raiva cedeu espaço para os batimentos amorosos.
Vi que ela me chamava. Coloquei um sorriso falso no rosto e prossegui para perto dela.
- Oi.- Ela disse com um sorriso radiante.
- Oi. – Repeti com sem graça.
- Você ainda está bravo? – Ela perguntou mantendo o sorriso.
- Não... Lógico que não. Você não tem culpa.
- Então... se você não está bravo, pode me passar seu número celular, certo?
Meu coração vibrou e sem querer consegui abaixar a guarda, sorri espontaneamente. – Claro.
Ela retirou do bolso um celular SANSUNG prateado. Bem simples. Eu retirei o meu do bolso e comecei a dizer o número. – Agora você pode me falar o seu, certo? – Disse com o coração na boca.
- Claro. – Ela deu um toque no meu celular. Olhávamos com muita intensidade, percebi que suas colegas estavam do lado de fora e muitos perto da porta nos olhando.
- Eu acho que suas colegas estão nos olhando. – Disse murmurando.
Ela olhou para trás e para os lados. –Não tem problema – Disse ela – São todas minhas amigas.
- Será que não vai dar problema?
- Fica frio. Mas agora preciso ir. Te vejo amanhã? – Perguntou ela com um grande sorriso.
- Acho que sim! Você quer me ver amanhã?
- Claro.
Então sinalizei um tchau e ela me devolveu. Prossegui para o meu ônibus. Estava do lado. Será que parávamos sempre um do lado do outro e eu não percebi?
Subi para o ônibus rindo à toa e para todos. A luz ia apagada do busão, e era o horário propício para continuar imaginando aquele olhar. Aquela boca. Como tenho vontade de agarrá-la. Como?
Cheguei a casa e deitei direto. Olhando sempre no celular seu número. Queria ligar p ara ela. Queria ouvir sua voz. Tenho mil mensagens para gastar da TIM, mas o celular dela é VIVO. Precisava comprar outro chip, será que meus torpedos servem para outra operadora? O seu número parecia sua imagem. Olhava para ele e me vinha sua feição, seu sorriso, sua alegria. Como ela é linda. Como ela é meu amor. Mas ela tem namorado diário. O que faço? Continuo ou saio fora? O que faço?
Meu peito chora. Meu coração grita e eu me apaixono cada vez mais. Dormi. Acordei cedo para ir trabalhar, quando olho no celular vi uma chamada perdida. Olhei, meu coração disparou, era o número dela. Ela tentou me ligar, como não ouvi?
Peguei e liguei. Era ainda sete horas da manhã.
- Alô – Ouvi sua voz meiga.
- Oi. É o Alex, você me ligou? – Perguntei eufórico, sempre pensando positivo. Ela riu e disse não. Senti um balde de água fria.
- Eu te dei um toque. Mais a noite te conto o porquê.
- Por que não fala agora?
- Porque quero te ver!
Meu coração voltou a sorrir. Irei investir diário.
*Alex Aleluia é professor de Língua Potuguesa e autor de livros