Durante algum tempo deparei-me com uma indagação que parecia sem resposta: por que alguém dedica tempo de sua vida, que poderia ser utilizado de tantas formas, somente para se dedicar a ajudar o próximo mais necessitado?
Para um rotariano essa pergunta pode soar como algo sem sentido, mas será realizada eventualmente a alguém convidado a compor nossas fileiras de soldados do bem.
As pessoas normalmente não querem dispor de ser tempo livre e acreditam que não tem porque ajudar os menos afortunados. Somente há algum tempo comecei a entender esse mecanismo de forma a influenciar as pessoas a ajudarem a nossa causa.
Para os filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, que escreveram conjuntamente sobre o assunto, os homens, assim como todos os animais, têm instintos. O que nos difere dos animais é a consciência. Nós também temos o instinto de reprodução, no entanto somos dotados da consciência de como realizá-lo e, além disso, de como cuidar corretamente dos filhos e de sua educação. O instinto de sobrevivência, por sua vez, é reformulado por meio do trabalho.
Considerando-se que os dois pensadores estejam corretos, podemos estabelecer que entre nossos instintos objetivos há também o de almejar uma vida melhor, mais tranquila, com menos violência e doenças que nos afetem e prejudiquem o futuro de nossa prole.
É neste sentido que a nossa consciência nos impele a ajudar o próximo, pois se queremos um mundo melhor para nós, nossos filhos e netos, cabe a nós mesmos mudar o que existe de errado atualmente. E a melhor forma de mudar o mundo é com um gesto de cada vez. Um mundo sem guerras, crimes, drogas, doenças infecto-contagiosas e analfabetismo não é mais uma utopia. Trata-se de algo possível com o esforço de todos. Isso nos mostra apenas o quão importante é ajudar o próximo e fazer o bem. Isto demonstra a assertividade do que fazemos de melhor em nossa organização, contudo não responde a pergunta: por que ser um rotariano?
Para responder essa indagação, solicito a você, leitor, que se imagine diante de uma vila que precisa construir uma barragem em uma barragem em um rio para obter água. Imagine ainda que você esteja querendo ajudar seus moradores nesta empreitada.
Na nossa hipótese, o auxílio consistiria na transferência de mil pedras de cerca de dez quilos cada por uma distância de 500 metros pela mata. Lembre-se: as pedras devem ser colocadas no leito do rio para a formação da barragem.
Trata-se de um trabalho hercúleo, irão me dizer, pois teríamos mil quilômetros de caminhadas (ida e volta) em que metade do trajeto seria feito carregando-se peso. Só de imaginarmos tal situação, cansa.
Contudo, e se esta pessoa estivesse por trás de uma organização ou contasse com um bom grupo de amigos? Seria muito mais fácil se este grupo mobilizasse umas cem pessoas, entre habitantes da vila e outros amigos. Alguns voluntários, por exemplo, poderiam trazer carriolas.
Em um único dia, poder-se-ia cumprir a tarefa e ainda haveria gente suficiente para o preparo de um bom almoço. O que a princípio parecia uma tarefa penosa, acabaria se transformando em uma atividade prazerosa, em que voluntários se auxiliariam na construção de um mundo melhor.
E por que não o Rotary? No Rotary temos o exemplo de homens de bem que se propuseram a acabar com a poliomielite, salvando crianças do perigo da doença no mundo inteiro. E eles estão tendo êxito nesta empreitada.
O programa Núcleo Rotary de Desenvolvimento Comunitário está impedindo que muitas crianças e adolescentes ingressem no mundo do crime e das drogas. Na realidade, estamos transformando nossas cidades em um lugar mais seguro, com menos criminosos. Por meio de projetos sociais bem elaborados, o Rotary International vem conseguindo, cada vez mais, retirar os menores das ruas, dando-lhes a dignidade e a esperança de uma vida melhor. E cada menor resgatado representa um perigo a menos para a sociedade no futuro.
Já que a ajuda ao próximo proporciona uma sensação tão boa a quem a realiza que às vezes acaba gerando um benefício maior a essa pessoa do que para aquela que é auxiliada, pergunto por que não fazer tais iniciativas contando com uma organização mundialmente conhecida, com assento permanente na ONU?
O Rotary permite auxiliar o próximo, contando com o apoio dos amigos, da sociedade e dos órgãos públicos, os quais reconhecem nele uma organização séria e confiável.
Hoje, quando alguém me pergunta por que ser um rotariano, tenho a resposta: sou rotariano por que desejo construir um mundo melhor ao lado de boas companhias e apoiado por uma ótima instituição.
*Carlos Eduardo Buchweitz é associado ao Rotary Club de Maringá, Aeroporto, PR (distrito 4630).