Neste domingo que passou, pela manhã, saí às compras, como sempre faço. Todo mundo sempre tem alguma coisa a buscar no domingo de manhã. Afinal é um dia especial e diferente dos outros dias da semana. Telefone pouco tilinta, o trânsito é menos intenso, as pessoas andam mais calmas nas ruas, enfim, é mesmo um dia especial. Lá no supermercado sempre encontro amigos. Desta feita, encontrei um amigo muito especialíssimo, não menos que outros, mas eu o respeito muito pela história de trabalho que temos em comum. Como você está? Eu perguntei. Nada bem, respondeu. Minha esposa está com minha filha internada em Ribeirão Preto. Recomendações médicas me indicaram procurar um especialista em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. Pela logística, escolhi a cidade mais perto. Naquele momento me passou um filme na cabeça, igual àquele que passa na cabeça de todo pai que tem a responsabilidade que é preciso. Fiquei um pouco sem jeito de dizer mais alguma coisa, mas tentei com palavras dar-lhe o ânimo que precisava. Outro fato bastante parecido gostaria de comentar aqui para você, este vivido no meu trabalho. Gosto de conversar com meus alunos e sempre procuro instigar-lhes as vidas para ver se posso, com minha experiência de vida, ajudá-los. Aliás, isso é tarefa de mestre e não de professor apenas. Sempre meus alunos me fazem perguntas. Eu procuro respondê-las como se fossem meus filhos, porque é assim que eu os considero. Perguntam eles: Professor, o que é preciso para ser professor? Muitas respostas eu lhes dou, mas a primeira e a mais importante delas eu respondo: amar os alunos que tem como se filhos fossem, sobrinhos ou quaisquer pessoas da família. Eles ficam satisfeitos com minhas respostas porque se sentem amados e orientados pelas demais respostas que dou. Claro que não me esqueço de uma tão importante que é ter conhecimento. Isso é imprescindível. É inaceitável que alguém assuma a condição de professor e não se atente ao seu principal objetivo que é ensinar. Mas confesso, aprendo muito com meus alunos. A juventude que eles me passam todos os dias não me permite envelhecer. Isso é muito bom porque sempre me proporciona continuar ensinando e aprendendo. Um fato curioso me aconteceu ano passado com uma das minhas alunas que sempre conversava comigo. Chama-se Renata Pretti. Pena que não consigo mais falar com ela porque se formou neste ano que passou. Após essa tão sonhada formatura os destinos de cada um tomam caminhos diferentes. Mas essa menina me contava o tipo de relacionamento que tinha com o pai. Esse homem que depois tive o privilégio de conhecer era para ela um verdadeiro ídolo. Eu ficava estarrecido em observar as palavras que saia da boca dessa menina quando se referia ao pai. Meu Deus, esse homem precisa passar essa experiências a todos os pais que disso precisam. Preciso conhecer esse cidadão. Sempre dizia à Renata para que ela trouxesse seu pai na escola para que tivesse a oportunidade de conhecê-lo. Ela me fez essa promessa e satisfatoriamente cumpriu. No dia de sua formatura me apresentou essa generosa pessoa, cheia de amor e sabedoria de como se criar um filho. Foi muito bom conhecer o senhor. Sua filha durante nosso tempo de convivência acadêmica sempre falou do amor que o senhor sempre lhe deu, e pelo que sempre percebi o senhor recebe dela o amor incondicional de filha. Pois é professor, respondeu ele. Deus foi generoso comigo ao me entregar essa menina. Bem, vou te contar o mais interessante dos fatos relacionados aos dois pais que comentei neste texto, porque eles têm uma coisa em comum. Os dois têm os filhos adotivos. Isso me comove e me deixa feliz, pelo fato de ver como é possível as pessoas serem a semelhança de quem as criou.
*Prof. Manuel Ruiz Filho