Não é de hoje que as empresas reclamam da dificuldade em encontrar colaboradores qualificados. Um dos motivos mais citados é o descompasso entre a formação acadêmica e os conhecimentos práticos exigidos pelo mercado. No entanto, apenas 31% das empresas, segundo a consultoria McKinsey, buscam solucionar esses problemas com treinamento específico ou com parcerias com universidades e escolas técnicas. Uma das soluções propostas pelo CIEE, agente de integração com 49 anos de anos de experiência na inserção do jovem no mercado de trabalho, é a capacitação prática por meio do estágio e aprendizagem, como complemento da formação teórica.
Empresas que abrem as portas para jovens estudantes estão dando um passo além na qualificação de mão de obra. Durante o programa de estágio e de aprendizagem, podem trabalhar (e avaliar o resultado) as habilidades e competência que mais valorizam em seus colaboradores, como a criatividade, ética, comunicação, liderança, garantindo assim a qualidade dos serviços prestados no futuro próximo. No trabalho em equipe, os jovens se acostumam a conviver com a hierarquia, a respeitar a diversidade, a somar forças e a zelar por um ambiente agradável a todos. No ambiente corporativo, aprendem a comunicar-se com segurança, a ter jogo de cintura para abordagem de situações distintas, a manter a calma diante das dificuldades, a fugir das fórmulas batidas para resolução de problemas e a analisar a realidade com visão mais ampla.
Importante também que os gestores entendam o momento especial vivido pelos jovens durante o estágio e a aprendizagem. Eles estão abertos a aprender novas práticas, comprometidos com a responsabilidade, felizes pela oportunidade concedida para sua inserção no mercado de trabalho e empolgados para conviver com profissionais experientes que vão servir de mentores para o seu desenvolvimento profissional e pessoal. As empresas que conseguem criar esse ambiente propício à troca de experiências – já que os estudantes também trazem novos conhecimentos teóricos e práticas aprendidas nos bancos escolares – só têm a ganhar, minimizando cada vez mais a falta de quadros qualificados.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp