*Prof. Manuel Ruiz Filho
Sou amante da natureza. Não só pelos benefícios que ela nos traz, mas pela beleza que ela tem. Sou uma pessoa que tem um carinho especial com as plantas. Aqui, em casa, não tenho quintal sem calçada, mas tenho uma enormidade de vasos com as mais variadas plantas. Três lindas jabuticabeiras plantadas em vasos e três pés de mangas. Ainda tenho em vasos, pés de goiaba, carambola e araçás. Não vejo a hora de todos os dias de eu poder cumprimentá-los e matar-lhes a sede. Abasteço a alma com esse singelo gesto. Mas, tenho outra paixão. No jardim de frente de casa, num espaço de dois metros quadrados, dois limoeiros. Estão com frutos enormes. Estou ansioso para ver esses frutos maduros porque eu trouxe as sementes do Velho Mundo. No ano de 2007, fomos à Espanha. Sempre tive o sonho de conhecer a terra onde meu pai nasceu. Nos documentos que tenho dele está escrito que ele nasceu em Málaga. Na Espanha, esse nome tanto é de uma cidade como da Província onde fica essa cidade. Não estive em Málaga nessa época, mas em outra oportunidade, com certeza estarei. Procurei por todos os meios encontrar onde meu velho nasceu para ver se conseguia uma cópia de sua certidão de nascimento, já que me proponho a obter dupla cidadania. Encontrei um documento junto aos meus, em espanhol, amarelado pelo tempo, e quase apagado pelos seus 109 anos de idade. Depois de muito analisá-lo, cheguei à conclusão que era mesmo a certidão de nascimento de meu pai emitida por uma Igreja de lá, no ano de 1904. Quando nos povoados antigos não havia cartórios os registros, as certidões de nascimento eram expedidas pelas igrejas. Bem, mas não era esse o assunto que eu queria comentar. Eu quero mesmo é falar dos limoeiros. Pois então, passeando pelas ruas de Madrid avistávamos uns pés de limões de tamanho grande e de cores avermelhadas. Fiquei enamorado pela beleza dos frutos. A cultura europeia não me dava o direito de apanhar pelo menos um. Fui insistente, numa visita que fizemos ao Palácio de Alhambra, local onde descansavam em períodos de férias alguns reis da Espanha. Encontrei nos jardins dessa mansão um pé de limão com um fruto no chão. A alegria de tocar esse fruto foi das maiores. Peguei o fruto do solo e pedi a minha esposa que o colocasse em sua bolsa. Chegando ao hotel, estraçalhei o fruto como se uma criança estivesse abrindo seu ovo de páscoa e retirei dele cinco sementes. Embrulhei-as num papel e as coloquei no fundo da mala. Impossível que o visualizador policial nos aeroportos iria me privar dessa joia. Eu as trouxe, plantei as cinco sementes e delas nasceram cinco belíssimas plantas. Dei três mudas a três grandes amigos e as duas que sobraram plantei no jardim da minha casa. Cresceram, floriram e produziram frutos. Devem ter mais ou menos de quatro a cinco metros de altura e uns cinquenta frutos. Estão enormes e aguardo ansiosamente a coloração avermelhada que vi. Espero que as pessoas que passam na rua não imaginem que sejam frutas doces e apanhem sem que eles amadureçam. Vamos aguardar, quando estiverem maduros, farei muitas mudas e vou presentear todos aqueles que quiserem plantar o limão madrilense em suas casas ou suas chácaras. Meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá, cantava assim o saudoso Wilson Simonal nos grandes festivais da música brasileira. Mas o jacarandá, infelizmente eu não tenho, só comentei mesmo pela lembrança da melodia.
*Prof. Manuel Ruiz Filho
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