Um dia o poeta cantou: “é pau, é pedra, é o fim do caminho. São as águas de março fechando o verão” e, mesmo depois de tantos anos, essa música continua atual. Afinal, estamos em março e as chuvas torrenciais têm se tornado uma constante na vida de todos nós.
Não vivemos em regiões amazônicas, em que, segundo a crença popular, é possível marcar os compromissos antes e depois das chuvas. Acho que estamos quase lá. Não sei se o dito popular se confirma, mas, com certeza, pode nos levar a refletir.
Todo este preâmbulo foi para chegar em dois pontos cruciais para a sobrevivência em sociedade: a educação e o respeito com o meio ambiente, afinal é nesse período, o tão esperado verão, que, além de ‘pegarmos uma praia’, nos deparamos com uma situação desoladora: as enchentes e seus efeitos.
É neste período que um trecho de música me vem a cabeça. Não foi composta por um gênio e não esteve na parada de sucesso da rádio e da televisão, mas, com certeza, fez parte da infância de muitas crianças. Lembro de minhas filhas brincando de roda e terminando com a frase: “limpa aí seu porcalhão”.
Sim, o governo, em todas as esferas de poder, deve fazer a sua parte. Construir piscinões que comportem a grande quantidade de água mandada por ‘São Pedro’ é uma das iniciativas possíveis. A limpeza das bocas de lobo e dos bueiros é algo que não pode falhar.
Não adianta, simplesmente, culpar as autoridades pelas enchentes. Precisamos fazer uma análise fria, seca e, muitas vezes, dura. Será que nós, como cidadãos estamos fazendo a nossa parte?
Pois é, toquei num ponto doído, simples, mas de incomparável importância para continuarmos discutindo esse assunto. Sim, como pessoas, devemos fazer a nossa parte para evitarmos o pior, o caos, as temíveis enchentes.
Calma! Não se apavore. Não pretendo fazer mutirões de limpeza das ruas e muito menos dos rios, embora concorde com a necessidade de produzirmos campanhas que visem conscientizar a população quanto à educação ambiental. Não faz muito tempo que ancorei a campanha: “Tietê, rio que te quero VIVO!”, que pretendia levar para as escolas as informações sobre ecologia.
Se cada um fizer a sua parte, poderemos resolver, ou pelo menos amenizar, os efeitos das enchentes. Pode parecer ‘careta’ tratar desse assunto, mas, na minha opinião, é de suma importância. Não jogue sacos de lixo e móveis em nossas praças. Caso o lixeiro, ou a empresa que recolhe os recicláveis, não passe antes da chuva começar, nós veremos esse lixo boiando em nossas ruas e, consequentemente, atrapalhando o escoamento da água.
Não devemos pensar nas grandes montanhas de lixo. Um simples papel de bala pode ser o culpado pelos alagamentos. Sim. Muitos leitores devem estar me questionando. Como? Pense na sua cidade, no seu bairro. Admitindo que na sua cidade morem 50 mil pessoas e que cada uma jogue apenas um papel de bala no chão. Você consegue imaginar o montante que isso gera?
“Quem sabe, faz a história, não espera acontecer”...... Faça a sua parte. Aconteça!
*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado. Acesse: www.vitorsapienza.com.br