Uma entrevista envolve interesses. De um lado, o jornalista que precisa do furo, da manchete ou de uma declaração polêmica. Do outro, o porta-voz que tem o dever de passar uma mensagem ou gerenciar uma crise.
Neste cenário, é muito importante que os dois lados estejam preparados. O que se refere ao porta-voz, os cursos de “Media Training” e os treinamentos exaustivos servem justamente para isso, não deixar os responsáveis por dar voz às empresas sem preparo.
João Fortunato, responsável pela área de treinamento corporativo da RF Comunicação e Informação, lista a pedido de IMPRENSA as dez principais dicas para orientar um porta-voz a dar uma boa entrevista e não cair em armadilhas.
Na maioria das vezes, o clima de uma entrevista acaba sendo de falsa “intimidade”. É neste ponto que um entrevistado despreparado pode dar margem para problemas. “O jornalista não é amigo, ele tem interesses e precisa das informações, por isso, é importante não se empolgar e tomar cuidado com o que fala”, alerta Fortunato.
(1) PREPARO: Nenhuma informação é demais
Não chegue para uma entrevista sem conhecimento sobre o que será discutido. Na hora das respostas seja firme e esteja embasado em informações concretas. É fundamental saber administrar e manter atenção na conversa, já que a probabilidade que ela mude de direção é alta.
(2) – OUVIR: Fale pouco, preste atenção nas perguntas
O entrevistado que responde a uma pergunta com agilidade e dá uma resposta clara e objetiva consegue passar segurança e impede que o repórter tente encontrar alguma brecha ou fragilidade. É muito importante focar e não perder o rumo. Ficar se perdendo em pensamentos e dando rodeios em respostas pode ser uma armadilha.
(3) – PÚBLICO: Pesquise sobre a audiência do veículo
Conhecer para quem é destinado o veículo que está o entrevistando é importante. Se policiar para evitar jargões técnicos é fundamental. Leve em conta que a pessoa que está lendo, ouvindo ou assistindo sua entrevista não está habituada ao tema. Sempre traduza um termo que for mais específico.
(4) MENSAGEM: Defina qual informação você quer passar naquela entrevista
Tenha claro em mente qual o objetivo da entrevista e que tipo de mensagem você quer e precisa passar. Se você já sabe sobre o veículo e a pauta já está com meio caminho andado.
(5) HUMILDADE: Saiba dizer “não sei”
Por mais bem treinado que seja, o porta-voz não é obrigado a saber de tudo. Muitos temas estão fora de sua alçada. Neste momento, é importante reconhecer que não sabe e deixar o repórter seguro. Garantir que ele terá a informação de outras maneiras. Nem que seja por meio de outro colega que conheça o assunto melhor, se isso for possível, claro.
(6) FECHAMENTO: Coloque-se no lugar do jornalista
Ainda que o porta-voz não seja um profissional disponível apenas para entrevistas, é importante que ele entenda e tente se adequar a agenda de um jornalista. Cada veículo tem suas dinâmicas e horários a serem cumpridos. É importante que o entrevistado saiba respeitar e entender as pressões vividas pelo jornalista.
(7) OFF: Não dê com a língua nos dentes
Evite ao máximo passar uma informação em off. Muitas vezes, não por maldade, um jornalista pode se confundir e misturar uma informação dada em off com outras em on. Isso pode ser trágico. Por isso, tome muito cuidado.
(8) DÚVIDAS: Tenha certeza que o jornalista entendeu suas respostas
O repórter é o intermediador entre o entrevistado e seu público, por isso, certifique-se de que o jornalista entendeu com clareza a mensagem que você quis passar. A boa compreensão do público depende primeiramente do entrevistador.
(9) TEMAS INDIGESTOS: Esteja preparado para o inesperado
Cada entrevista tem um contexto. Entretanto, esteja sempre preparado para o inusitado. O repórter é o profissional que existe para fazer perguntas, ele está no direito dele. A partir do momento em que iniciou uma entrevista as perguntas vão surgir e elas podem não agradar. Se isso acontecer, seja transparente.
(10) PRESIDENTE: O principal executivo deve ser preservado até o fim
O presidente da empresa deve aparecer em último caso. Se algum porta-voz abaixo dele disser alguma coisa errada, ele pode corrigir, pois é a instância máxima. Agora, se ele o fizer, o estrago pode ser grande. Utilize o presidente como uma última cartada, depois que outras possibilidades foram esgotadas.
Luiz Gustavo Pacete