*Prof. Manuel Ruiz Filho
Isso mesmo que você leu. Eu queria uma mãe só para mim. Que desde o dia que eu nascesse me amparasse como fazem os irracionais. Defendem suas crias como se fossem as únicas coisas que o mundo lhes dera. Eu queria, assim que tivesse nascido ter sido embalado junto ao peito da minha mãe, bem perto do coração dela para sentir que seus batimentos também eram meus. Eu queria que minha mãe fosse uma mulher guerreira para me defender com unhas e dentes quando alguém, por motivos diversos, me fizesse ou me desejasse mal. Eu queria uma mãe que fosse brava comigo quando eu praticasse travessuras e até me desse uns bofetes para eu saber que certas coisas não se deve fazer. Eu queria uma mãe que fosse à escola toda vez que imaginasse que eu pudesse estar dando trabalho aos mestres. Eu sempre sonhei com uma mãe que me levasse passear nos dias de frio para tomar aquele sol quentinho que todo mundo deseja nesses dias. Eu queria uma mãe que apoiasse meu pai quando ele ficasse bravo comigo por causa das minhas travessuras. Eu queria uma mãe que ficasse me perguntando se eu fiz as tarefas de escola que a professora passou ontem. Que tivesse contato com a minha professora toda semana para saber sempre como eu estava me comportando em sala de aula. Eu queria uma mãe que me comprasse aquela queijadinha deliciosa que tem nas padarias expostas em balcões e vitrines que deixa a gente com água na boca. Eu queria uma mãe que fosse desconfiada das coisas que eu falo porque nem sempre eu falo a verdade. Tem vez que eu tento falar o que não aconteceu para iludir meu pai ou as pessoas com quem me relaciono. Eu queria uma mãe que ficasse me perguntando quem são meus amigos e amigas, porque sempre tem algum deles que não serve para fazer parte da minha turma. Eu queria uma mãe bastante severa comigo, mas que fosse dócil e meiga quando me acariciasse. Eu queria uma mãe que não fosse exagerada na sua forma de vestir, que soubesse que as pessoas reparam grandes decotes e vestidos muito acima dos joelhos. Eu queria uma mãe que nunca usasse roupas transparentes porque meus colegas falam muito quando vêm essas coisas. Eu queria uma mãe que não gritasse comigo quando fosse me dar uma lição, que não fizesse alarde só para que os outros vejam que ela é austera. Eu queria uma mãe que se chamasse Maria. Não sei o porquê disso, mas sei que esse nome é bastante forte e muita gente diz que reza para Maria. Mas eu vou te confessar uma coisa: esse foi o seu nome e essa foi a minha Mãe. Felizmente ela nunca usou decotes, roupas curtas e transparentes. Mãe, onde você possa estar neste momento, te rendo minhas homenagens e o maior amor deste mundo. Pena que ficamos tão pouco tempo juntos. Você foi embora, mas eu fiquei aqui para render, na sua falta, homenagens a todas as outras mães, que assim como você, merecem o carinho dos filhos.
*Prof. Manuel Ruiz Filho
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