O Brasil vive um momento inusitado na sua história. Houve um avanço considerável da posição brasileira no cenário mundial nos últimos anos – muito pela crise que passou como um tsunami nos gigantes Estados Unidos e Japão e se concentra agora em importantes países da União Europeia, como Espanha e Itália. Na ordem interna, boa parte da população das classes D e E emergiram, engordando a nova classe média, o que fez explodir o consumo, mantendo o mercado interno aquecido. No entanto, a educação não acompanhou esse crescimento. Continuamos com problemas crassos na qualidade do ensino público; baixa quantidade de jovens nas salas de graduação, principalmente em áreas estratégicas como ciência e tecnologia; além do pouco investimento em pesquisa. O impacto disso afeta diretamente a indústria e comércio: a falta de mão de obra qualificada no mercado de trabalho.
Para tentar conter as dificuldades e melhorar a formação do profissional brasileiro, o governo federal criou o Ciência Sem Fronteiras (CSF), um programa que visa a formação de jovens talentos em universidades do exterior. Após uma visita da presidente Dilma Rouseff à Casa Branca, as principais universidades do planeta – Harvard e Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), anunciaram uma reserva de 1,5 mil bolsas de estudo integral até 2015 para estudantes brasileiros cursarem o doutorado completo. As bolsas serão financiadas pelo governo federal. No entanto, o inusitado da história: existe até agora uma baixa procura pelos cursos oferecidos.
Uma das dificuldades encontradas é a proficiência na língua. Os cursos exigem domínio do inglês, o que ainda costuma ser um entrave preocupante para profissionais brasileiros. No entanto, especialistas em línguas estrangeiras acreditam que o estudante que tiver nível básico de inglês precisaria estudar diariamente por um ano e meio para alcançar o patamar exigido pela seleção.
A presença de pesquisadores brasileiros nas principais universidades pode fazer o país avançar em áreas estratégicas para o crescimento econômico e colocar o Brasil na rota definitiva do desenvolvimento. Não se pode mais desperdiçar oportunidades como essa.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp