O governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou providências para combater o crime: a contratação de quadros para ampliar a Polícia Técnica e o encurtamento do curso para formar policiais militares, para que mais PMs possam entrar mais depressa em serviço - embora não estejam tão bem preparados.
Providências para aumentar a segurança, claro! E haverá até quem acredite.
Mas vamos aos fatos. Policiais do Denarc, o departamento de combate ao tráfico de drogas, foram presos pela Polícia Federal por tráfico de drogas - três toneladas de cocaína. O atual diretor do Denarc disse que houve problemas em gestões anteriores. OK: mas o delegado anterior, que segundo o atual não conseguiu evitar os problemas entre os 300 homens sob seu comando no Denarc, foi transferido para um departamento maior, o Deic, onde comanda 1.200 homens.
Alckmin, claro, saberá explicar por que isso acontece; ou o atual titular está errado (e cabe-lhe pedir desculpas ao chefe cuja autoridade se questionou) ou está certo - e por que dar mais pessoal a quem não consegue controlá-lo?
Pelo menos quatro grandes delegacias seccionais estão sem delegado titular: a de São José dos Campos (o delegado morreu há mais de um mês), a de Taubaté (o delegado está de licença-prêmio há mais de 90 dias), a de Jacareí (o delegado está doente, licenciado), a do Litoral Norte (o delegado está de férias). Em todas elas há policiais respondendo pelo expediente - não mais do que isso.
Alckmin finge que combate o crime. Mas ninguém precisa fingir que acredita.
E ele reclama!
O deputado federal José Genoíno, do PT, condenado à prisão pelo Mensalão, reclama que o Supremo não levou em consideração depoimentos de pessoas como José Janene, Pedro Henry e Pedro Correia, que o inocentavam.
É curioso: Genoíno não é mais criança, tem barbas brancas, e ainda não descobriu que, conforme as pessoas que falam a nosso favor, é melhor deixar pra lá.
A festa...
1 - Lembra do caso dos garçons do Senado que ganham R$ 15 mil mensais? Café pequeno! O presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB de Alagoas) tem à disposição, na residência oficial, um mordomo e dois garçons, nomeados naquela safra de atos secretos que provocou tanto escândalo (e nenhuma consequência). O mordomo ganha algo como R$ 18 mil mensais; os garçons, perto de R$ 11 mil. Renan tem a seu serviço, no Senado, mais dois garçons, que ganham um pouco menos: algo como R$ 8 mil mensais.
2 - O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador José Américo, do PT, devolveu a 55 funcionários o direito de receber mais que o salário-teto do funcionalismo: ganham até R$ 28 mil mensais. Existe também um bônus de produtividade, que varia entre R$ 1.500,00 e R$ 5.700,00 mensais. O bônus foi criado quando era presidente da Câmara o hoje senador Antônio Carlos Rodrigues, do PR, suplente da senadora Marta Suplicy. Mas é pouco, acham Suas Excelências: estuda-se a concessão do bônus de produtividade a funcionários aposentados.
Como calcular a produtividade de quem já não produz? Isso é outro problema, que os vereadores resolverão. O problema do caro leitor é só pagar a conta.
...da mexerica
O caro leitor folgou no Dia do Trabalho? Pois seus representantes se esmeraram em homenagear os trabalhadores do Brasil folgando a semana inteirinha. Em 2 de maio, quinta-feira, havia na Câmara Federal 23 de seus 513 integrantes. No Senado, apareceram cinco dos 81 senadores.
E ninguém perdeu dinheiro com isso - exceto o caro leitor, que paga a conta: Suas Excelências não sofrem qualquer desconto no pagamento quando resolvem emendar o feriado.
Quem sai na chuva
O professor Lino da Silva Jr., leitor desta coluna, está perplexo com o caso das capas de chuva compradas pela PM em Brasília. Não porque sejam superfaturadas, nem por serem em maior número que o de soldados da PM, nem porque a justificativa para a compra foi a Copa das Confederações - que se realiza em época de estiagem. Isso, no Brasil, é normal. Mas pela explicação do comandante que autorizou a compra (e foi demitido pelo governador Agnelo Queiroz, do PT, que tinha de botar a culpa em alguém): segundo ele, o alto preço se justificava pela boa qualidade do produto, que entre outras coisas seria à prova de fogo.
Pois é: pelo jeito, em Brasília, quem sai na chuva é pra se queimar.
*Carlos Brickmann é jornalista