Recanto das Flores – 24 de maio 2013. – O ministro Joaquim Barbosa, calculadamente ou não, enfiou o dedo na ferida política. Não vou fazer juízo sobre o comportamento de parlamentares individualmente, porém, sobre os partidos políticos sou mais crítico que o ilustre ministro do Supremo. Conforme já escrevi em outras ocasiões, acredito haver ditadura nos tais partidos. Realmente, como disse o ministro, não existem, com sinceridade de causa, idealismo nas agremiações partidárias. Suas cúpulas estão sempre preocupadas em mantê-los funcionando para a conquista ou manutenção dos poderes, nem que para isto desfaçam-se de escrúpulos. Poucos são os políticos que conseguem manter a coerência e os bons princípios. Uns porque são aproveitadores mesmo, outros são fraquinhos, não representam nada no grande jogo e não querem perder as boquinhas. Essas verdades, além de outras, são pesadas ao serem comentadas mas, infelizmente, é isso mesmo. Se fosse diferente, já teriam feito uma reforma política madura, séria, digna de políticos dignos. Quando se ouve alguma coisa é para voto de lista, que perpetuam os “políticos profissionais”, ou o tal de financiamento público de campanha, com o nosso dinheiro, melhor dizendo com o leite das criancinhas. Penso que tudo isto somente mudará quando algum grupo com comportamento de estadistas assumir o comando do país. Quando não sei, apenas faço votos que aconteça.
Na votação da Lei dos Portos, todos puderam perceber o quanto foi difícil para a senhora presidente conseguir aprovar aquilo que seu governo entendia como interessante para o país. Foi um jogo de braços muito ruim, uma demonstração eloquente de interesses, vaidades e corporativismo. Nada ali aconteceu por ideologia.
Vejam só, existem deputados, e alguns políticos, que não possuem força para a uma contestação mais eloquente em defesa do povo e nem de movimentos nascidos no seio da população. Passam “batidos” por serem fracos e não terem coragem de ficar contra decisões governamentais equivocadas. Preferem bancar os mandões em suas bases e, muitas vezes, até lutarem contra alguns interesses de suas comunidades, por simples vaidades pessoais. Esses existem e, por isso, em consonância com os reclamos do ministro Joaquim Barbosa, vou além, entendendo que dois mandatos em qualquer cargo nem sempre dá certo. Seria esta, também, uma atitude muito importante de alguma reforma política, ou seja, ninguém se perpetuaria em cargos. Isso é democracia, o resto é conversa mole.
Esperemos que as novas gerações, essas desses nossos tempos mais ágeis e de comunicações instantâneas, possam, num futuro não muito longínquo, assumir cargos políticos e fazerem mudanças radicais nos péssimos costumes existentes. O país vai ficar mais feliz e bonito.
Fazer política é a arte do diálogo, da soma de conhecimentos e da percepção do que é bom para a época em que se vive. Mudar para melhor é sempre uma atitude inteligente. Nada fica parado no tempo. Estamos nos enveredando por novas épocas, com facilidades tecnológicas surpreendentes, com uma população mais sadia e com mais possiblidades de tempo de vida e, então, não será mais possível que “grupetes” se encastelem nos poderes, tirando proveitos de informações privilegiadas ou submetendo toda uma população aos seus interesses. Se as mazelas prevalecerem um dia, a casa cai. Para que isto não aconteça nada melhor que partidos políticos democráticos.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados