Com o recente episódio da Maratona de Boston, onde restaram mortos e feridos, fatos que causam perplexidade e revolta, o terrorismo com sua face trágica volta a ser preocupação global. Quando a violência consegue incutir o medo na população os objetivos dos grupos que patrocinam estas ações alcançam seus resultados. Eles pretendem mudanças de comportamento com fins políticos, religiosos, separatistas e de dominação, através dos efeitos psicológicos que os atos de terror são capazes de produzir. As ações mais freqüentes, traduzidas em assassinatos, seqüestros, explosões de bombas e aparelhamento normalmente são preparadas e executadas por indivíduos fanáticos, dispostos ao auto-sacrifício, vinculados a grupos, seitas e até religiões que agem de surpresa, onde menos é espe rado e de forma descentralizada, permanecendo muitas vezes desconhecidas as causas reais dos atentados. É claro que os ataques de 11 de setembro na cidade de Nova York onde morreram quase três mil pessoas foram emblemáticos porque além da pirotecnia e da instantânea divulgação da mídia, os autores foram identificados e assumiram os atos de terrorismo. Desde então, os países e entidades afeitos à segurança global têm procurado qualificar o combate ao terrorismo, através de convenções e atos de cooperação da ONU, OEA e Mercosul, mesmo que algumas deliberações venham sendo objeto de celeuma jurídica e política. Se insere neste contexto a possibilidade dos países adotarem medidas ofensivas em legítima defesa, em outros territórios para combater o terrorismo.
Na atualidade, ocorre a identificação de organizações no mundo classificadas como terroristas, seus propósitos, táticas e aparelhamento. Entretanto, esta circunstância não vem sendo suficiente para prevenir os atentados, até porque cada vez são mais freqüentes os atos individuais e solitários. Ademais, embora este cenário do terror tenha permanência e materialidade nas lutas nacionalistas como é o caso da Irlanda do Norte, Reino Unido e do País Basco, ou ainda, seja marcado pelos conflitos de território e religiosos no denominado mundo árabe, ou por ideologias tidas como de direita e esquerda globalmente, não podemos achar que no Brasil estamos imunes.
As organizações criminosas que operam o tráfico de drogas e pessoas também funcionam com as mesmas características da violência e atentados. São milhares de inocentes que cotidianamente perdem as vidas em solo brasileiro por procedimentos terroristas. De outra parte, diante do extremismo das ações e do medo que elas produzem parece não haver como reagir. Mas ledo engano. A sociedade também na segurança tem papel fundamental. Todos os processos bem sucedidos de combate à violência passaram por articulações comunitárias e a guerra ao terrorismo sempre contou com o apoio incondicional das populações. Foi o que vimos agora em Boston, quando o povo foi as ruas para apoiar e aplaudir a caça aos autores dos atentados.
*Afonso Motta é advogado e produtor rural