Até parece anedota, mas esse ano o tema para celebrar o Dia Mundial da Água, 22 de Março de 2014,indicado por definição da Organização das Nações Unidas (ONU) é “Água e Energia”, não posso falar dos outros países, mas do nosso infelizmente não há o que celebrar.
A água está virando motivo de confusão, isso pode até parecer profecia, mas sem as esperadas chuvas a cidade de São Paulo vive a pressão do racionamento, sistemas Alto Tietê e Guarapiranga foram utilizados para compensar a queda na produção do Cantareira. Entretanto, a recente conclusão de um estudo aponta que a única forma de garantir o abastecimento da capital paulista, considerando o crescimento econômico do país dos próximos anos, será utilizando a água do Rio Paraíba do Sul, esse já abastece várias cidades do interior paulista e do Rio de Janeiro, mais a capital fluminense. Então, de que será a água?
Para um país que detém aproximadamente 12% da água doce do planeta, celebrar o Dia Mundial da Água, com um risco eminente da falta dela e um possível conflito entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é simplesmente desastroso.
Sei que é bem complicado administrar a gestão dos recursos hídricos principalmente em um país tão extenso, perde-se muita água até chegar ao consumidor final, falta administração pública e conscientização da população. O desperdício, poluição e o descaso não estão conseguindo garantir o acesso da água para o uso das atuais gerações imagina para as futuras.
Ironicamente no ano em que as celebrações giram em torno da “Água e Energia”,também não se vê nenhuma boa notícia na qual o Brasil desperta para o uso de energia renováveis. Esse possui radiação solar abundante em grande parte do seu território, mas não tem nenhuma usina instalada, a eólica começa a aparecer no litoral do Nordeste onde tem vento. Termo solar nem se ouve falar, a biomassa se arrasta graças as usinas de cana-de-açúcar,e esse é o cenário atual brasileiro, enfim, as fontes de energias sustentáveis não são utilizadas, pelo contrário os nossos governantes ainda insistem em usar a água para produzir energia através das hidroelétricas.
Colhemos os impactos ambientais negativos de uma usina hidroelétrica antes e depois da sua implantação. Recentemente, o represamento do rio madeira no Acre, que subiu mais de 19 metros e deixou milhares de pessoas desabrigadas e isoladas, foi apontado como o atenuante da enchente.
Esse é o custo da má gestão juntamente com as mudanças climáticas. A sociedade brasileira muito tem a refletir sobre os usos que têm sido feitos desse bem finito. O Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe 2013, da Agência Nacional de Águas (ANA), destaca que a matriz energética brasileira fica a cargo da geração hidroelétrica, que representa 70% de toda capacidade instalada.
Agora convenhamos com tanto sol, vento e biomassa, porque o Brasil não investe pesadamente em energia literalmente tida como limpa?
Não dá para culpar a escassez da chuva ou o excesso dela, muitos Estados já previam o óbvio, o problema vem da grande falta de gestão dos recursos hídricos e naturais em seus mais diversos usos.