Em meio à crise da falta de água, que se soma aos problemas muito mal explicados de cartel e propinas nas linhas de trens e metrô, outro assunto deixa bem claro o que venho constatando e dizendo publicamente a respeito da má gestão dos serviços públicos por parte do governo do PSDB.
Como militante desde os anos 70 junto aos movimentos populares de saúde e especialista da área, é assustador o total descaso em que se encontra a rede estadual de saúde.
Para quem como eu, fui secretário de saúde na capital paulista, e tantos outros defensores do Sistema Único de Saúde (SUS), o governador Alckmin erra ao não apoiar os municípios e buscar uma aproximação com as políticas do governo Dilma, como é o caso do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e do Programa Mais Médicos.
Recentemente, tive oportunidade de reunir e ouvir o ex-ministro Alexandre Padilha, em plenária que debateu a situação da saúde no Estado de São Paulo e que teve a presença de especialistas, profissionais, funcionários, representantes de sindicatos, entidades e movimentos sociais, além de gestores públicos de diversos municípios paulistas.
O diagnóstico, confirmando a impressão de como a administração do PSDB lida muito mal com os desafios do setor, não foi nem um pouco animador. Pelo contrário, sobram críticas e receio por parte dos servidores e gestores públicos, com o sucateamento dos serviços de saúde estadual e o desrespeito aos direitos dos trabalhadores.
A estratégia de Alckmin para tentar solucionar os graves problemas que se avolumam na área, e que resultam no mau atendimento à população, foi a privatização da saúde, ao entregar a gestão do setor às Organizações Sociais (OSs). O remédio está matando o paciente, com custos cada vez mais elevados e serviços de qualidade questionável.
Trata-se de uma alternativa polêmica e que só demonstra a falta de medidas mais corajosas e arrojadas, como seria a opção pela modernização da gestão pública. Com isso, o governador assinou um cheque em branco para essas entidades, que não aceitam o controle e a transparência dos gastos realizados com dinheiro público.
Como coordenador do Setorial de Saúde do Partido dos Trabalhadores, defendo uma política de saúde pública e de qualidade, em que todas as esferas de governo (União, Estado e municípios) tenham competências específicas e atuem em real parceria e em consonância com as diretrizes do SUS. E que haja participação popular na definição das ações, buscando-se melhorar as condições de trabalho dos milhares de funcionários da área, de modo a contarmos, aí sim, com um atendimento adequado à população que mais necessita desse serviço.