Agnelo Pacheco, publicitário, começou a carreira no início da década de 1970, montou a própria agência em 1985 e conquistou, entre outros, os prêmios Clio Awards de New York da Propaganda Brasileira, Leão de Ouro do Festival de Cannes e foi eleito o Publicitário do Ano pelo Prêmio Colunistas
Nos últimos cinco anos a publicidade infantil virou uma grande vilã. Entre outras acusações, ela tem sido responsabilizada pelo aumento da obesidade nas crianças. A verdade é que dão à publicidade um poder exagerado! As lojas do McDonald’s, do Bob’s, do Burger King e do Giraffas estão em quase todas as esquinas e, com ou sem propaganda, continuarão vendendo seus lanches normalmente. A lei que proíbe a publicidade infantil é mais uma destas bobagens que saem de congressistas que não acompanham o dia a dia no comportamento das pessoas. Para eles, a propaganda é a responsável pelos grandes problemas da sociedade. Pensam que, se proibirem as campanhas de bebidas alcoólicas, principalmente de cervejas, diminuirá o número de acidentes com motoristas embriagados.
Minha agência tem feito algumas das recentes campanhas de prevenção a acidentes para o Denatran, Ministério das Cidades. Alertamos muito que bebida e direção não combinam e que hoje, dá até prisão! Os resultados que alcançamos, com redução de até 40% de acidentes em determinados Estados, ocorreram porque decidimos fazer uma publicidade verdadeira, dura, mostrando acidentes pesados e suas consequências.
Se você entrar no arquivo do Congresso, vai encontrar milhares de projetos contra a publicidade. E a autoria é de deputados federais que, em grande maioria, se agarra à propaganda nas campanhas eleitorais.
Tem projeto que proíbe até a venda de eletrodomésticos, carros e outros artigos de luxo porque isto incentivaria o número de assaltos por parte de quem não tem estes bens.
Muito melhor do que propor leis contra a publicidade infantil, seria sugerir que as empresas que fabricam e comercializam produtos alimentícios fossem obrigadas a doar um percentual de suas vendas para um fundo, administrado pelo Ministério da Saúde.
Este fundo, desenvolvido com estes recursos, possibilitaria que o Ministério da Saúde criasse uma comissão formada por renomados pediatras, endocrinologistas, obstetras, entre outros profissionais, para desenvolver grandes campanhas publicitárias mostrando a importância de uma alimentação sadia para nossas crianças.
O resultado, com estes alertas, seria muito maior do que a proibição da publicidade infantil na área de alimentos. E esta campanha da alimentação saudável, que já existe em diversas escolas, seria ampliada.
Então, se é para proibir a publicidade infantil, logo algum deputado, que não tem o que fazer, vai propor banir o gordo Papai Noel, que é a maior publicidade infantil ao vivo que já foi criada. Papai Noel, que alimentou nossos sonhos de criança.
E aproveitem, deputados, e proíbam também o coelhinho da Páscoa, que incentiva nossas crianças a consumirem uma das coisas mais gostosas da vida: os ovos de Páscoa.