O desempenho foi perfeito: gastou o tempo médio previsto em todas as provas a que foi submetido; os resultados o classificaram como apto.
Acessando o site, em outro ambiente, para preencher seu protocolo eletrônico; sem tirar os olhos do monitor, voltando-me parcialmente para ele, fiz algumas das recomendações, que costumo fazer aos jovens que pretendem se habilitar como condutores de moto: que ficasse atento a medidas necessárias, diante de situações novas, as quais provavelmente seriam muitas, já que os deslocamentos não seriam os mesmos inseridos na fase prática de direção veicular, do curso de habilitação.
“Você está estacionado à direita da via, a 50 metros de um cruzamento e precisa alcançar a esquerda dessa mesma via, para efetuar uma manobra também à esquerda, quando atingir o ponto de encontro da via em que está e aquela na qual vai adentrar, nesse cruzamento próximo:
“Terá que levar em consideração que, face a pouca familiaridade com o veículo em via pública, com fluxo relativamente elevado, principalmente em horário de pico, deverá ligar a máquina, sinalizar sua intenção e observar se alguém se aproxima pelos retrovisores, não apenas uma vez, mas ficar atento a estes, porque dependendo da velocidade que você usará nessa manobra, outro motociclista pode surgir atrás, em velocidade superior e atingí-lo.”
Pretendia concluir que “alguém, inadvertidamente poderia inclusive tentar ultrapassá-lo pelo lado errado; daí a necessidade de consultar os dois retrovisores. Numa situação como essa e também em outras.
“Assim como é conveniente certificar-se de que o condutor que vem na via que cruza a via em que estamos circulando, obedeceu e parou, quando o semáforo assim determinou. Caso contrário, seguir adiante pode significar problemas, inclusive graves...
“Temos um cruzamento em Votuporanga, para exemplificar com um - Ruas Paraíba com Minas Gerais - em que essa medida defensiva talvez reduzisse o número de acidentes, não apenas envolvendo motociclistas.”
Senti-me um perfeito idiota. Idiota como talvez me classifiquem os que cruzam comigo na rua, eu a pé ou de bicicleta usando roupas nem sempre de quem pratica atividade física, porque às vezes me locomovo com a bike para distâncias curtas, um modo de aproveitar o tempo para manter a forma física e também colaborar com uma melhor qualidade do ar e da acústica, já que a bicicleta não tem escapamento; não contribui para a poluição atmosférica ou sonora.
Com estes últimos não me incomodo. Mas, com aqueles que avalio num dos exames preliminares para que sejam ou não considerados aptos a dividir as vias públicas, sim.
Ao olhar para ele, no momento em que me virei de frente, deixando o monitor de lado, percebi que estava de cabeça baixa.
Para me certificar de que não estava enganado, interrompi o que dizia e disse uma frase sem começo ou fim; totalmente sem nexo. E ele resmungou, como estivera fazendo até então, como quem concorda.
Ele estava digitando, no celular. Apesar do aviso para desligá-lo, à entrada. Manteve desligado apenas enquanto era submetido às prova; talvez muito a contragosto.
Que pena!
É também com esse tipo de condutor que cruzaremos no dia-a-dia, cada vez mais, no futuro. O celular e similares estarão cada vez mais presentes.
Em que pese o fato de que nem todos têm condições de usufruir da geração de aparelhos produzidos pela evolução tecnológica que se supera, dia a dia, inclusive na produção ou divulgação de conhecimento, em outras áreas e de muita valia na da Saúde, não se pode negar a importância deles. Mas, a limitação para o uso saudável - e educado -, começa em casa. Ou não?
Bom domingo! Com Deus! Amém!