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Artigo
A beleza e a simplicidade do imaginário infantil
Professor Manuel Ruiz Filho
manuel-ruiz@uol.com.br
Na magia de uma sala de aula crianças de cinco a sete anos de idade brincavam ao redor da mesa central, empoleiradas em suas cadeirinhas de plástico azul, algumas delas realizando tarefas motoras que a professora lhes havia passado. Outras, simplesmente desenhavam utilizando os lápis de cor que cada criança guardava em sua mochila. Num outro lado da sala cinco meninas pulavam amarelinha, desconfortadamente, porque o desenhista das quadrículas no chão ainda não possuía muita habilidade com o giz. A professora observava a todos, preocupada com as ações e reações inesperadas de cada criança nos mais diversos tipos de atitude infantil. Um grupo de quatro crianças, dois meninos e duas meninas, chamou a atenção da mestra porque dialogavam como se adultos fossem, nos mais variados assuntos. Um tema discutido no grupo impressionou a professora que se pôs a observar até onde ia a criatividade e a percepção de cada criança, coisa que o adulto muitas vezes não dá o valor merecido. Discutiam sobre a existência de Deus e de algumas coisas que os adultos falam que foi Ele que fez. Marco e Pedrinho postavam-se frente a frente com Ana Beatriz e Mariana. A posição que eles escolheram era interessante. Dois meninos de um lado e duas meninas do outro. Até pareciam que se posicionavam a fim de disputar a hegemonia de quem sabe mais, se os meninos ou as meninas. Na verdade não era nada disso, era coisa de criança mesmo. Essas criaturinhas decidiram escrever em bilhetes aquilo que pensavam sobre Deus, o Criador. Cada um do grupo, quando chegava sua vez, apresentava o bilhete que havia escrito e todos aplaudiam no final da leitura. Marquinho foi o primeiro. Seu bilhete dizia: ‘deusinho, todos os colegas da minha escola escrevem bilhete pedindo presente para o papai noel, mas eu não confio nele não, prefiro você’. Todos aplaudiram o Marco. Riram à beça. Agora é a vez da Ana Beatriz. Com suas pequenas mãozinhas abriu o bilhete e leu: ‘querido deusinho, obrigado pelo irmãozinho que você me deu no mês passado, mas na verdade eu tinha rezado para ganhar um cachorrinho’. Caíram na risada. Em seguida foi a vez do Pedrinho: ‘querido deusinho, por que você não está inventando nenhum animalzinho novo nos últimos tempos? A gente vê sempre os mesmos, isso cansa a gente’. Aí chegou a vez da Mariana. No bilhetinho dela estava escrito: ‘deusinho, por favor, ponha um pouco mais de férias entre o natal e a páscoa. É muito longe um do outro’. Retornou a vez do Marquinho e ele disse: ‘querido deusinho, o padre Gilmar é seu amigo ou você conhece ele só do trabalho?’ Todos riram muito. Em seguida falou a Ana Beatriz: ‘deusinho, talvez Caim e Abel não se matassem se tivessem um quarto para cada um. Lá em casa comigo e com meu irmão isso funcionou’. O Pedrinho leu em seguida o que tinha no seu bilhete: “querido deusinho, eu gosto muito do pai-nosso. Você escreveu tudo de uma só vez, ou você teve que ficar apagando? Qualquer coisa que eu escrevo eu tenho que refazer um monte de vezes’. Novamente a vez da Mariana ler seu bilhete. ‘meu querido deusinho, na escola onde estudo dizem que Thomas Edison inventou a luz. Mas no catecismo dizem que foi você. Pra mim ele roubou a sua ideia, não foi?’. O Marquinho falou depois: ‘deusinho, em vez de você fazer as pessoas morrerem e aí criar novas pessoas, por que você não fica com as que já tem?’. Por último falou a Ana Beatriz: ‘deusinho você é invisível mesmo ou é só um truque?’. A professora indignada com toda aquela criatividade infantil, pôs-se a refletir o que a gente não aprende com as crianças!!!’. São sábias e santas as suas palavras porque têm a beleza, a simplicidade e a pureza do imaginário que não foi afetado em nenhum instante pela malícia e pela maldade.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
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