*Ivan Jordão é psicólogo com especialização em Psicopedagogia (Unifev) e colaborador deste jornal
Isenção na apuração dos fatos. Inteligência e disposição de investigar a todos os pormenores, no sentido de que o resultado seja confiável e jamais instrumento de injustiça, que poderia inclusive, direcionar, de forma negativa, a vida desta ou daquela parte envolvida; ou de ambas.
Primeiro - Assistir imagens que mostrem o agir da funcionária, na creche, em outras situações. Seria injustiça analisar apenas o registro do fato motivo da sindicância: estando com uma criança nos braços, tentar trazer para junto de si a outra, o que teria provocado o deslocamento do bracinho, explicado pelo ortopedista. Ortopedista com muitos anos de carreira, o que, no mínimo, lhe confere competência para o esclarecimento. Inclusive de que isso pode acontecer envolvendo mãe, ou quem cuida, de crianças.
Nós já tivemos oportunidade de, estando como acompanhantes na Sala de Observação da Santa Casa, nos depararmos com mãe, criança no colo, cheia de culpa, chorando junto, por ter provocado tal deslocamento no bracinho do filho. Não apenas esse mas, muitos outros registros podem fazer parte dos arquivos daquele e de outros hospitais, relativos a ocorrências da mesma natureza. Esses dados podem ser facilmente levantados, acreditamos.
Segundo - Na análise do momento do deslocamento propriamente dito (suposto mau trato), observar a expressão da envolvida: quem pratica maus tratos, talvez (?) sinta prazer em fazê-lo. Haveria prazer na expressão facial dessa funcionária? Disse alguma coisa, seria possível fazer a leitura labial, para que se possa inferir que estaria zangada com a criança envolvida, ou simplesmente motivada por razões pessoais, a praticar maus tratos?
Alguém com um perfil que não englobasse amor às crianças iria procurar empregar-se justamente num local onde, cuidando de crianças, teria câmeras vigiando-a o tempo todo?
Teria a funcionária sofrido um colapso nervoso, exatamente naquele instante? Foi ouvida?
As imagens também poderão responder. E a participação de psicólogos no esclarecimento (a Prefeitura tem estes profissionais em seu quadro de funcionários), pode corroborar as hipóteses possíveis, para se chegar à mais provável, com a isenção que se faz necessária.
A funcionária deveria, talvez, não ser punida com exoneração, e sim, receber a assistência médica de que estiver necessitando, caso esteja. E se conveniente, posteriormente, ser transferida para outro setor.
Antes, será muito importante, na nossa opinião, permitir à funcionária e à criança, momentos em que esta última possa sentir-se bem com a funcionária, para não concretizar para si um registro de (suposta) agressão pura e simples, sem razão, ou sem explicação para tal. Registro que poderia prejudicar seu desenvolvimento e comportamento psicossocial, no futuro.
O fato de que a criança teria solicitado a atenção da funcionária, imediatamente após o fato, sugere que a criança confiava (ou confia) naquela funcionária. As imagens mostram ou sugerem, essa solicitação?
Talvez um simples “desculpe, fulano; eu deveria ter pedido para outra funcionária atender você, já que eu estava ocupada com - nome da criança que teria no colo”, resolvesse...
Queremos parabenizar a mãe da criança pela iniciativa. As informações e mesmo as matérias relativas, publicadas recentemente, nos noticiários locais, dão conta de que a escola, a direção e os funcionários são muito bem conceituados pela maioria das mães. Aconteceu.
De qualquer forma, parabéns à mãe que acreditamos ser uma excelente mãe, pela preocupação com o bem estar do filho. O que nos leva a concluir que se trata de excelente cidadã. Ela apenas quer a verdade.
Que a verdade surja, com toda a transparência que o caso requer. Dê-se à funcionária o tratamento que todo ser humano merece: o direito da defesa. Defesa que frisamos, pode estar no registro do seu comportamento no dia-a-dia, também com outras crianças.
Lembramos que no dia cinco de setembro último Votuporanga ganhou mais uma unidade de ensino. Esta, para atender duzentas crianças, de zero a três anos. Para que cerca de duzentas mães (algumas podem ter mais que um filho frequentando), possam trabalhar tranquilamente, sabendo que seus filhos estão em boas mãos, em locais construidos para atendê-los de forma a se desenvolverem o melhor possível, nessa que é a fase mais importante da vida deles. Portanto, parabéns também aos nossos gestores na área da Educação e nosso prefeito.
Leitor, solicite autorização para visitar uma dessas unidades. Nós conhecemos várias e estamos certos de que as crianças das funcionárias, inclusive educadoras, em casa, não recebem tanta atenção e cuidados. E parabéns a todas as mães; daquela e das outras creches de Votuporanga; mulheres que trabalham para ajudar no sustento da família. Assim como as funcionárias e educadoras das mesmas creches e unidades de ensino infantil.