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Artigo
Eu, minha mãe e o bordado dela
Professor Manuel Ruiz Filho
manuel-ruiz@uol.com.br
Aos nove anos de idade, minha vontade de saber era ainda maior que aos quatro anos. Nada me convencia de que as coisas eram como eram, e eu queria que fosse do meu jeito. Talvez porque esse meu jeito era a forma que eu tinha para entender melhor o que me rodeava. Deitado no chão da varanda com minhas mãos embaixo da cabeça, uma perna sobre a outra, admirava como os dedos da bordadeira minha mãe mexiam de um lado para outro. Na posição que me encontrava eu via um desenho ao revés, porque o meu foco era do lado de baixo, por onde uma ou duas agulhas, isso não me recordo, apressadamente furavam um tecido branco sobre o santo colo de minha mãe, bem pertinho de seu ventre, espaço que ocupei com muito amor por duzentos e setenta dias. Indignado com o que as afiadas agulhas faziam, eu reiteradamente perguntava: Mãe, o que você está fazendo? Ela respondia serenamente – estou bordando filho. Todo dia após o almoço ela ali se sentava e eu repetidamente me deitava por perto para poder curtir essa mulher que me deu a vida. Todo dia eu perguntava a mesma coisa e ela respondia a mesma resposta. Acontece que a minha indignação era de ver um desenho estranho, confuso e desarranjado, logicamente porque o via pelo lado de baixo. Lembro-me que mais parecia um amontoado de nós, fios sobre fios, coloridos e de tamanhos diferentes. Eu pouco ou nada entendia aquilo, mas minha mãe de forma gentil, como a maioria delas, me explicava: “Filho, saia um pouco para brincar e quando terminar meu trabalho eu chamo você e o coloco sentado em meu colo. Deixarei que veja o trabalho daqui de cima”. A minha dúvida continuava. Eu não conseguia entender o que poderia sair de um trabalho feito com agulhas e nós entrelaçados, cheio de pontas e sem formas definidas. Também não entendia porque demorava uma vida toda uma coisa que me parecia simples, mas que só agora entendo a complexidade. Um belo dia, quando eu brincava fazendo de um cabo de vassoura entre as pernas um cavalo tordilho, ouvi a voz de minha mãe: “Filho, venha aqui e sente no meu colo.” Sentei no seu colo e me surpreendi ao ver um lindo desenho bordado, com figuras definidas nas cores do arco-íris. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão complexo e confuso, mas agora, olhando pelo lado certo,aquelas linhas estranhas formavam uma paisagem maravilhosa! Então ela me disse: “Filho, de baixo parecia estranho e complicado, mas agora, vendo-o de cima, você pode entender o que eu estava fazendo”. Verdade minha mãe. Do mesmo modo, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e perguntado: “Pai, o que estás fazendo?” Ele parece responder: “Estou bordando a sua vida, filho.” E eu continuo perguntando: Mas está tudo tão confuso, tudo em desordem. Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido. Os fios também são escuros. Por que não são mais brilhantes?Ele diz: “Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se, confie em Mim. Eu farei o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo e então vai ver o plano da sua vida daqui de cima.” Raríssimas vezes entendemos o que acontece no nosso dia a dia. As coisas parecem estranhas e nem tudo se encaixa da forma que gostaríamos. Acho que, às vezes, vemos as coisas do lado do avesso porque Deus borda nossas vidas pelo lado direito. Por isso havemos de confiar Nele todos os dias de nossas vidas.
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Silvia mara, em 09/10/2014 às 20:09 diz:
Depois desta lição, acho que o ditado : "Deus escreve por linhas tortas", deveria ser : "Deus borda a vida do lado certo, mas nós olhamos o lado avesso do bordado, porisso estamos sempre confusos.
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