Jociene Ferreira - Doutora em Educação e mestre em Comunicação. Jornalista e licenciada em Letras. Atua nos cursos de Engenharia Civil e Análise de Desenvolvimento de Sisitemas no IFSP campus de Votuporanga e no curso de Comunicação Social da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais)
A comunicação visual em jornalismo abarca e articula o trabalho de combinar o texto com a tipografia, fotografia, grafismos, desenhos, símbolos e ícones com a intenção de dar sentido ao produto jornalístico. Trata-se da articulação verbo-visual para o desenvolvimento do produto.
Bucci (2000, p.142) alega que, principalmente, ao longo destas três últimas décadas, constata-se certo desinvestimento no modelo de revista na reportagem textual e uma crescente ênfase na sensação, principalmente, visual, demostrando mais uma vez a importância da combinação texto e visual no jornalismo impresso.
Durante a combinação de tal processo, é necessário adicionar à ele o hábito da leitura, contrastando com a tradição cultural do impresso e os avanços e novas tecnologias, tanto pelo sistema de impressão como também pelo arcabouço tecnológico de softwares, no processo de combinação das páginas. Um dos softwares mais usados para facilitar a comunicação visual, trata-se do indesign.
Levando tais aspectos em consideração, é preciso, assim, pensar a relação dos elementos de comunicação visual presentes no produto jornalístico. Para Jorge Pedro Souza, a responsabilidade do designer/diagramador está além de fazer uma combinação de linguagem gráfica. A sua tarefa é a de ajudar e orientar o leitor que perpassa pelo universo representativo e referencial do veículo, dando-lhes pistas para a construção pessoal de um mapa mental do mundo.
É que o Freire (2009) chama de design jornalístico, ou seja, aquele que vem para organizar os conteúdos, criar identidade, atrair a atenção do leitor e construir o sentido pela relação entre as diversas matérias significantes (verbo-visuais) que compõem o jornal.
Segundo Charaudeau (2006), a questão da comunicação visual no impresso está intimamente ligada às questões do uso do espaço, ao modo como as notícias são ordenadas na página. Assim, deve-se ter um cuidado particular com a maneira de anunciar e apresentar as notícias. Isso é feito através da paginação (primeira página, rubricas, fotos, desenhos, gráficos, tabelas, tipos de colunas, molduras etc.) e da titulagem (títulos, pré-títulos, subtítulos, leads). Tais elementos constituem formas textuais em si e têm uma tripla função: fática, de tomada de contato com o leitor, epifânica, de anúncio da notícia, e sinóptica, de orientação ao percurso visual do leitor no espaço informativo do jornal.
Partindo desse pressuposto, a primeira questão a ser pensada é em relação ao seu formato, sendo a página vertical ou horizontal. Segundo o mesmo autor, a primeira delas oferece uma maior identidade ao texto elegendo ao produto jornalístico textos/conteúdos mais extensos, enquanto a escolha do segundo, na horizontal, é capaz de dar mais destaques aos títulos e de se trabalhar com textos mais concisos. De acordo com Berry (2004), por muito tempo os adjetivos de sensacionalistas, popularesco e vulgar foram associados aos tabloides. No entenato, recentemente houve uma mudança de ordem pragmática que alterou sua pertinência, pois o tabloide é mais simples, econômicoe prático de manipular.
Sobre a visibilidade da página, Arheim (2004) afirma que a simplicidade é um importante elemento da percepção visual. O simples está ligado ao bom ordenamento. Diferentes recursos visuais têm sido utilizados para criar áreas de atração visual, que consequentemente, despertam interesse e sentido aos leitores.
Segundo Garcia (1987), é a partir da tipologia que se confere personalidade à publicação e garante a continuidade gráfico-editorial a partir das características de cada componente textual como título, corpo do texto, legendas, entre outros. Sendo assim, não só a escolha da tipografia, mas o estilo de sua aplicação no projeto gráfico é determinante para a experiência de leitura.
A cor para Lupton e Plillips, p.70, servem para diferenciar, conectar, ressaltar e esconder determinadas informações. Os autores ainda falam que a percepção da cor depende não apenas da pigmentação das superfícies em si como também da intensidade e do tipo de luz ambiente.
O uso da imagem também é um aspecto fundamental na construção da página, na retratação da realidade e das sensações que podem ser transmitidas. Na página, a imagem deve se equilibrar com o texto.
A imagem fotográfica, produzida segundo critérios estéticos, gera um expediente comunicativo menos crítico, já que o consumo de imagens aciona mecanismos de emoção e sensação primordialmente (AUMONT, 1993, p.312).
Por fim, é necessário pensar o uso dos infográficos. Segundo Caixeta (2005), a infografia diferentemente de outros recursos gráficos como a fotografia e a ilustração (desenhos, sequência em quadrinhos, etc.), não apenas “ilustram” uma página nem são recursos de “decoração” da informação, mas é uma forma de representar informações técnicas como números, mecanismos e/ou estatísticas, que devem ser sobretudo atrativos e transmitidos ao leitor em pouco tempo e espaço.
A partir desses elementos, é possível estabelecer, por meio da comunicação visual, um percurso de sentindo que corresponda aos leitores do veículo as possibilidades de construção da realidade.