* Sales Silva é engenheiro eletricista, ambientalista e representante comercial, residente em Votuporanga
Visando facilitar o entendimento perante a sistemática do Horário de Verão, faço uso de uma linguagem simplificada; especialmente dirigida aos consumidores residenciais, comércio e pequenas indústrias - ao invés de explicações complexas utilizadas na área da engenharia elétrica.
Este procedimento é adotado em diversos países. No Brasil há relatos de sua implantação desde a década de 30, justificado pelo melhor aproveitamento da luz natural do sol - nesta estação mais quente do ano - geralmente no período compreendido entre as 18 e 21h, proporcionando redução na geração de energia elétrica, e comprovadamente economia.
Porém, naturalmente e, como de praxe – economia não para o bolso dos contribuintes, mas redução de custos na produção de energia para o sistema elétrico como um todo - tais como: usinas geradoras, linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica. O raciocínio é muito simples, pois tudo começa no processo envolvendo desde as usinas hidrelétricas, térmicas, nucleares, a gás, eólicas, etc..., interligadas por linhas de transmissão, subestações, redes de distribuição e unidades transformadoras – a levar a tão almejada e essencial energia elétrica aos nossos lares.
Agora, imaginem uma situação onde a maioria da população sai do seu ambiente de trabalho e, chegando aos seus lares, começam a usar e abusar da eletricidade. Lembrando que este contingente de pessoas o fazem rotineiramente e coincidentemente, quase no mesmo horário - quando o sol está na iminência de dar lugar à lua, e assim começando a escurecer.
- E o que normalmente nós fazemos neste período?
Acionamos uma infinidade de equipamentos elétricos, sejam lâmpadas, televisores, computadores, churrasqueiras, panelas, fritadeiras, fornos e aparelhos de microondas, som, chuveiros, aquecedores, ar condicionado, etc... (aliás, estes 3 últimos, são os eletrodomésticos de maior consumo de energia elétrica numa residência).
Não podemos nos esquecer que neste período de grande consumo de energia - simultaneamente e automaticamente, a iluminação pública é acionada – a iluminar ruas, avenidas, estacionamentos, praças, bem como outros logradouros públicos.
Enfim, há uma enorme demanda de energia elétrica no mesmo período, que acaba sobrecarregando todo o sistema elétrico interligado. E, assim sendo, alguém teve a excelente ideia de intercalar os horários de pico desta energia consumida; simplesmente deslocando as curvas de carregamento dos equipamentos envolvidos – pois desta forma, tecnicamente as perdas de energia serão minimizadas.
Vale lembrar que devido a diminuição da demanda neste período, as concessionárias de energia elétrica conseguem fornecer melhores níveis de tensão aos consumidores em geral, ou seja – energia de melhor qualidade devido menores quedas de tensão, variações e/ou interrupções de energia elétrica.
Esta economia que não percebemos, dar-se-á devido a diminuição das perdas por efeito térmico, uma vez que aliviará as sobrecargas oriundas do sistema elétrico interligado; desde as unidades geradoras, ao ponto de recebimento desta nossa tão essencial energia elétrica.
Não nos esquecendo que, atualmente esta economia de energia - poderá representar baixos valores percentuais em relação à anos anteriores - seja devido a crise hídrica que avassala alguns de nossos estados, aliado a estagnação de nossa economia, no tocante a produção e baixo crescimento da atividade industrial.
Enfim, as maiores vantagens são revertidas para as empresas prestadoras de serviços de eletricidade e agências reguladoras de energia elétrica – pois desta forma, consegue-se até postergar a necessidade de se construir novas unidades geradoras de energia, subestações e/ou circuitos elétricos, bem como - pois devido às menores sobrecargas, há um aumento significativo na vida útil de todos os equipamentos elétricos envolvidos.
Em tempo, não podemos nos esquecer que ao postergar ou eliminar a necessidade de investimentos devido ao horário de verão - estaremos contribuindo intensamente para a preservação de nosso tão lesado e desrespeitado meio ambiente - pois sabemos comprovadamente que o impacto ambiental destruidor é enorme; devido a extinção de matas nativas, ciliares, cerrados, áreas cultiváveis e campos naturais que ficam totalmente submersos.