Ivan Herrera Jordão é psicólogo e amante do verde. Colabora com este jornal aos domingos. ihjordao@hotmail.com
Vamos considerar como fontes produtoras de ansiedade, todas e quaisquer preocupações, que supervalorizamos.
A expressão preocupação, por si mesma admite uma possível não necessidade de voltarmos o nosso pensamento para a possibilidade disto ou daquilo - que possa nos afetar, ou em qualquer medida, interferir na nossa qualidade de vida - ocorrer.
Existe um prefixo pré, sugerindo um lidar antecipadamente; um ocupar-se a priori.
Por outro lado, um deixar as coisas acontecer, sem dispensar um mínimo de reflexão, posteriormente, no sentido de que numa possível repetição da situação, possamos sim, adotar uma postura que permita um melhor resultado - trate-se de relações pessoais, profissionais, ou a simples execução de uma tarefa qualquer - seria falta de envolvimento com o que estamos fazendo ou com as pessoas com as quais “nos relacionamos”. E falta de autoconhecimento.
O respeito a nós mesmos exige que sejamos capazes de avaliar o nosso dia a dia, no sentido de criar mecanismos - dependam de nós ou de terceiros - para que sejamos, se não felizes, menos infelizes. Em todas as áreas.
O medo não pode fazer parte da nossa vida: medo disso; medo daquilo.
Pode-se ilustrar com as altas temperaturas registradas neste Verão e as medidas que podemos, finda a estação, adotar para nos prepararmos melhor, para enfrentar o Verão vindouro.
Vamos construir? Vamos reformar?
Como ventilar melhor os nossos ambientes?
No trabalho, se somos empregados e não empregadores, temos que nos sujeitar às temperaturas ambientes que nos são oferecidas, mas, em casa...
Podemos, desde adotar esquadrias maiores, talvez em maior número, desde que planejada a instalação para não inviabilizar a distribuição adequada da mobília. E madeira aquecerá menos que metal.
Optar pelo ar-condicionado?
Solução rápida e talvez mais acessível do ponto de vista financeiro. Mas, e a manutenção? E a energia elétrica disponível, em breve, a continuar como está a situação do Brasil, nesse pormenor?
Não é problema seu e nem meu?
É problema de todos nós.
Assim como o uso correto da água: se continuarmos a usar as mesmas vestimentas, especialmente enquanto trabalhamos, fazendo questão da roupa social, em tecidos que não favoreçam a transpiração desejável, necessitaremos de mais banhos diários, quanto maior seja a temperatura registrada. Ou não?
Simples assim?
Não.
No passado tivesse ocorrido uma fiscalização eficiente no “pulmão do mundo”, praticamente acometido de uma “pneumonia crônica”, caracterizada pelo desmatamento irregular, desumano, a mando dos que pensam que na Suiça, ou em qualquer outro paraíso fiscal, se safarão dos malefícios que por aqui e por aí, semearam e regaram à vontade, hoje a nossa realidade poderia ser outra.
Mas, o que impede um passar a adotar medidas outrora negligenciadas? O que impede que passemos a dispensar à Amazônia, os cuidados que ela merece? Haveria demora na sua recuperação?
Mantê-la viva já não seria uma vitória? Não é para isso que funcionam as UTIs nos hospitais? Primeiro garantir a sobrevivência do paciente, para depois adotar-se medidas que possam se não reverter, amenizar os sintomas?
Estaremos menos ansiosos em relação ao futuro dos nossos filhos e netos, se fizermos a nossa parte, plantando agora (não amanhã, semana que vem, ou sabe-se lá quando), uma árvore no calçamento à frente dos nossos imóveis, da nossa casa, para amenizar a temperatura causticante que a massa asfática oferece. Também os quintais podem ser arborizados.
Vamos cuidar da “Amazônia” que nos cerca e deixemos a Amazônia de todos nós para os responsáveis, aqueles que foram empossados para isso, nos representando, na administração que não nos compete, diretamente.
E se não fizerem, vamos cobrar. Civilizadamente. Com abaixo-assinados, se preciso for.
Sem ansiedade desnecessária. Excesso de desconfiança pode gerar motivos para desconfiar. Ou não?
Bom domingo! Com Deus! Amém!