Ivan Herrera Jordão é psicólogo e colaborador deste jornal aos domingos. ihjordao@hotmail.com
Cadê as coberturas que estavam lá? Perguntamos a um funcionário do escalão administrativo da Prefeitura Municipal, há mais de uma década.
Vai que elas só existiram na nossa cabeça?!
A dúvida não era assim tão forte, porque à época fomos tomados pela indignação, quando da retirada de duas delas: uma na rua Bahia, próxima à Rio Grande e a outra, na rua São Paulo, próximo à confluência com a rua Paraná.
“Tão tirando a nossa cadeira”, disse com tom de severidade nossa mãe, quando assistiu, sem ser convidada. Mero acaso.
Passávamos pelo local, quando aconteceu; tanto com uma, quanto com a outra. A especial, para nós, era a da rua São Paulo.
Ela ficava feliz quando, na volta do passeio diário, à tarde, eu a ajudava a acomodar-se. Não devido à sombra, que o Sol já havia se posto. Talvez porque o livro onde permaneciam registrados certos eventos de sua vida, tivesse suas páginas, indo para lá e para cá, movimentadas pela brisa que ainda soprava, parando, insistentemente, noutro ponto de ônibus, lá na Capital. Talvez sentisse o coração aquecido, pela ideia de estar voltando para casa, depois de uma jornada de trabalho. Para casa e para os filhos, todos menores de idade. O marido, no hospital.
Ficávamos ela e eu, ali sentados; muitos conhecidos nos cumprimentando. Vez ou outra alguém oferecendo carona para “o destino que o coletivo que aguardávamos, nos levaria”...
Ela ia chegando, chegando, até encostar a cabeça no meu ombro.
Como somos gratos a quem instalou aquelas coberturas! Foram guardiãs da emoção indescritível de quem dá e quem recebe um amor nem sempre externado ao seu devido tempo.
Vandalismo, puro vandalismo, informou-nos o nosso velho conhecido. “Elas foram retiradas porque os vândalos as destruíram. Não existiam em todos os pontos de parada de ônibus, mas estavam lá, onde se faziam mais necessárias”.
Eu e a minha falta de atenção! Nunca percebera nenhum dano naquela cobertura! Talvez eu não quisesse ver! As coisas das nossas “intimidades emocionais”?
Lamentável ter que suprimir algo que, se não custou nada aos cofres públicos, deve ter custado à empresa responsável pelo transporte público, à época. Algo que contribuía para a qualidade de vida do votuporanguense! Retirar para evitar a ação depredadora, de uns poucos!
Os mesmos que destruíam os banheiros públicos e os orelhões?
Pera aí: será que estes seriam dotados de dons especiais, podendo pressentir a era da “desvalorização do orelhão”, com a entrada triunfal dos eletrônicos, no mundo das comunicações?
Se assim foi será necessário fiscalizar mais, não para punir e, sim, para aproveitar (selecionar), essas “mentes evoluídas”. Para o Serviço de Inteligência Brasileiro.
Teriam agenda lotada para prever e fazer acontecer, não só a redução do calor do Sol (dispensando as coberturas), como o controle esfincteriano (das vias urinárias), deixando para “mijar” em casa e não nos banheiros públicos. Outras necessidades fisiológicas? Inventariam o “exterminador”, das bactérias e dos causadores de viroses. Os mosquitos da dengue que se cuidem!
Poderiam criar programas para recuperar a dinheirama espalhada lá fora; ressocializar de fato, os presos; reduzir os acidentes de Trânsito... Sem negligenciar maior reserva de água e energia elétrica.
Chega, que não há mais espaço!
O leitor está se perguntando o porquê de estarmos partindo para esse estilo de raciocínio? Nós também. Vamos ver quem descobre primeiro?
Bom domingo! Com Deus! Amém!