*Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP e prefeito de Mogi das Cruzes
O lançamento do pacote anticorrupção, com foco na redução da impunidade – tão alardeado na campanha eleitoral –, é uma ferramenta importante (e tardia) para o governo começar a responder, com um mínimo de respeito, ao clamor das ruas, que ecoou por todo o País. É apenas um dos dispositivos. A Nação carece demais das reformas político-partidária, tributária, previdenciária e trabalhista, entre outras para melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro.
Reputo a reforma político-partidária como carro-chefe. Estamos na contramão da lógica, coerência e bom senso. Na maioria absoluta das nações democráticas, com eleições livres e soberanas, não existem mais do que três ou quatro partidos políticos. Aqui, são 32 e devemos chegar a 36 neste ano. Pior, todos vivendo com dinheiro do Fundo Partidário, que advém de impostos recolhidos do trabalho e suor da população.
A inadiável reforma política precisa incluir a existência de cinco partidos, no máximo; a coincidência das eleições para evitar que o País pare a cada dois anos; mandatos de cinco anos; voto distrital misto; proibição de coligações partidárias nas disputas majoritárias e proporcionais; regulamentação rigorosa do financiamento público ou privado de campanha, direcionado só aos partidos políticos; e o fundamental: extinção imediata da reeleição para cargos majoritários (presidente, senador, governador e prefeito).
O instituto da reeleição me parece o mais perverso. O gestor público que tenta a reeleição tem a seu favor o peso inequívoco da caneta. Fui beneficiado pela possibilidade da reeleição. Tanto, que fui reeleito prefeito de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), Cidade que tive a honra de administrar por oito anos seguidos, de 2001 a 2008.
Posso afirmar que, por melhor intencionado e coerente que seja, o governante focado na reeleição pensa em agradar para vencer, adiando a adoção de medidas necessárias, se elas têm perfil impopular.
Em qualquer atividade humana, pública ou privada, se deixarmos de tomar as devidas providências em tempo hábil, sejam de correção, mudança, planejamento, aprimoramento ou até de paralisação, mesmo que temporária, será necessário remédio em dose cavalar e muito mais amargo, visando à superação.
Uma profunda reforma político-partidária ajudará a neutralizar o risco de políticas inadequadas, fruto da cobiça e luta obcecada por projeto tão somente pelo poder; não por projeto de estado. Ninguém mais confundiria cargos eletivos com profissão, pois desempenhar a função pública eletiva é essencialmente um sacerdócio.
Vale frisar que nenhuma gestão pública avança com emoção, mas sim com criterioso planejamento de curto, médio e longo prazos. É preciso responder aos brasileiros com eficiência, agilidade e justiça. Só assim, poderemos vencer o desafio da superação dos problemas.