Ivan Jordão é psicólogo e colaborador deste jornal.
Discorrer sobre qualquer tema não é missão de fácil execução, para quem quer que seja.
Numa grossa comparação, poderíamos nos valer da capacidade de um especialista em uma área, dadas as muitas especializações existentes, por exemplo, na Medicina, estar apto a entender e/ou explicar, as minúcias da área em que não atua. Não estaria tão apto, desde que a opção por especializar-se passou a fazer parte da rotina destes profissionais.
O clínico geral encabeçará a fila para a solução dos casos mais complicados, alguns até envolvendo colegas ainda se especializando, os quais poderiam se valer de pesquisas voltadas para doenças mais recentemente descobertas, as quais desafiam o saber de muitos e acabam dando destaque aos mais bem sucedidos.
E os doentes tornam-se, nesses casos, clientes especiais, elos importantes em quaisquer estudos que se pretenda.
A diferenciação, em termos de sucesso maior, deste ou daquele profissional, pode ser atribuida à maior atenção na exploração do complexo funcionamento do organismo humano, levando em conta as influências externas, do meio-ambiente, as mudanças climáticas, as de ordem emocional, as financeiras, entre outras, diante das muitas pressões a que estão sujeitos os meros mortais?
Provavelmente!
Mas, a experiência, em termos de atuação, daqueles que estarão encabeçando, como mestres, orientadores, coordenadores, enfim, os que se farão canais facilitadores do aprendizado, não pode ser negligenciada.
Diríamos que nos tempos atuais, todo saber é importante, na área em que possa ser inserido, para a busca de soluções que favoreçam o bem-estar da coletividade como um todo, ou de grupos, maiores ou menores, que estejam a serviço desta..
E a comunicação?
A comunicação é imprescindível.
Caso contrário seria, dando sequência ao exemplo, supor-se cada profissional consultado, neste ou naquele caso, deixar de apresentar seu relatório, complementando o que lhe foi enviado pelo colega, que atuou anteriormente, para melhor consecução do trabalho do outro, para o qual ele próprio encaminhará o doente, até que se feche, com segurança, o diagnóstico, para que se inicie o tratamento.
Em tempo hábil, para que o paciente não morra, tenha a oportunidade de vivenciar a cura ou a redução do seu sofrimento, com qualidade de vida.
Quais medicamentos, atividades físicas, entre outros, pode, e quais deve evitar, sob pena de comprometer os resultados, é informação que deve estar acessível a qualquer profissional ou estudioso, envolvido. O qual deve se fazer perito ao transmitir, de forma segura e confortadora, para o paciente. Ou não?
Quando se lida com seres humanos é preciso levar em consideração essa condição, até porque, ninguém pode se dizer livre desta ou daquela doença, dada a semelhança, em alguns aspectos, com que Deus criou a todos.
E aí entra também, a vida pregressa, ou história de vida, em termos de relacionamentos, auto-estima, sabedoria ao lidar com frustrações e limitações, alimentação e outros hábitos do dia-a-dia, das vítimas destas doenças (e de outras, que podem ser mais simples, mas não bem assimiladas), que requerem uma mudança do paciente, na sua rotina diária.
A comunicação médico-paciente precisa também ser terapêutica, no sentido de levar o paciente às mudanças necessárias e, principalmente, acreditar que viver é possível, e se com qualidade de vida, melhor ainda.
A colaboração dos familiares, dos amigos, enfim, irão compor a corrente, que não pode ter elo não compatível com os demais, sob pena de se jogar para o alto, o muito que se tenha feito.
Sempre considerando ainda, o quanto deve ser difícil para o paciente, disponibilizar-se para os estudos. Até fisicamente falando.
Estudos que não servirão apenas para ele, mas para outras pessoas, no futuro, provavelmente. Inclusive para doenças cujas causas ainda não foram descobertas e que apenas o tempo poderá levar ao esclarecimento necessário, no sentido da prevenção.
Todo o espaço acima, ocupamos, também para dizer que acreditamos que o Brasil não está vitimado por uma doença rara, e que será preciso o empenho de todos os brasileiros para a solução que se espera. Solução não imediata, nem a médio prazo.
Solução a longo prazo, para que não nos envergonhemos, na hora da nossa morte, do legado que estamos deixando aos nossos filhos e netos.
O exemplo vindo de cima, com redução de ministérios e programação para que tenhamos, em breve, menor número de deputados, ou manter os números atuais com menor quantidade de mordomias e outras reduções de despesas públicas; federais e estaduais, talvez fosse um bom começo.
Colocar pessoas especializadas, nos cargos que exigem especialização, provavelmente será uma boa sequência.
Aqui embaixo, resta-nos arregaçar as mangas e trabalhar mais, gastando menos.
Se faltar trabalho, vamos fazer nós mesmos as atividades domésticas, dividí-las de forma harmoniosa e valorizar o trabalho que nos oferece a possibilidade de manter o orçamento doméstico, ou seja, as despesas familiares.
Resumindo, todos teremos que economizar. Porque dinheiro não cai do céu. E ninguém dispõe de recursos de que não estejam em caixa.
Consumismo?
Não combina com o momento.
E talvez tenhamos que abrir mão de eventos que exijam grandes investimentos e que passada a euforia da sua execução, deixem saldos negativos. Teria acontecido isso com a Copa do Mundo?
Eu, heim! Vou me dar por feliz se hoje, dia em que se programa manifestações Brasil afora, não tivermos feridos e mortos, por conta dos aproveitadores que certamente tentarão se infiltrar entre os que apenas querem exercer seu direito democrático, de mostar a insatifação.
Melhor que fosse como no Japão.
Poderia o povo brasileiro adotar a tarja preta na manga. Sem transtornos, sem confrontos, sem corrida desenfreada aos supermercados, para prover a despensa, aumentando a inflação. (Lei da Oferta e da Procura.)
Por que não? Nós, brasileiros, temos muita coisa que o Japão não tem, mas o Japão lida de forma inteligente com suas dificuldades, suas catástrofes. Ou não?
Democracia sem riscos!