A família reunida no final da noite, assistindo TV, as crianças fazendo tarefa escolar, enquanto os adolescentes eram aguardados no retorno de suas aulas noturnas. A mulher se levanta e diz que já era tarde, portanto iria deitar-se. Antes disso, passou por diversos cômodos da casa e foi até a cozinha preparar lanches para os filhos que mais tarde chegariam da escola. Também pequenas guloseimas para o lanche dos pequenos que levariam à escola no dia seguinte.
Aproveitando esses últimos momentos do dia, enquanto fazia os lanches, lavou toda a louça da pia e também tirou os alimentos congelados do freezer para o almoço e jantar do dia seguinte. Observou que no armário onde são guardados os alimentos empacotados, não havia feijão e arroz dentro dos recipientes que lhes são próprios. Foi à sala, apoderou-se de caneta e papel e fez as devidas anotações para as compras no mercado. Assim que escreveu, devolveu a caneta no lugar de costume e pôs-se a preparar a cafeteira para o devido uso na manhã seguinte. Abriu a máquina de lavar e colocou em seu interior a roupa de uso para que fosse lavada. Enquanto isso se lembrou de que era necessário desamassar a camisa do esposo para que pudesse usá-la no amanhã.
Pegou o ferro de passar e imediatamente desamassou a camisa, mas não deixou para depois a colocação de um botão que havia caído. Foi ao quarto onde costura, apoderou-se de linha e agulha e imediatamente substituiu o botão que faltava. Guardou toda a louça que havia lavado após o jantar no armário da cozinha, preparou a toalha na mesa para o desjejum logo cedo. Molhou as plantas que durante o dia não lhe sobrou tempo e colocou o invólucro do lixo em lugar fácil para expô-lo à coleta diária. Bocejou, espreguiçou-se e foi para o quarto. Antes de adentrar nele, passou pela porta do escritório de estudo dos filhos e escreveu um bilhete ao professor do filho menor pelo fato da criança ter faltado à aula naquele dia por uma enorme febre que havia tido.
Juntou os cadernos que estavam esparramados na escrivaninha e simetricamente os colocou no centro da mesa, bem perto das mochilas que ali estavam. Pegou um caderno que algum dos filhos havia deixado cair e também o colocou no meio dos outros. Juntou todos os brinquedos esparramados pelo ambiente e os colocou na estante onde ficavam costumeiramente. Nesse momento, lembrou-se do aniversário de uma amiga e imediatamente escreveu-lhe umas delicadas palavras colocando num envelope para remeter no outro dia. Instante em que se levanta do estofado cômodo o ilustre senhor que assistia TV e lhe faz a observação: - pensei que você tinha ido se deitar! Estou indo disse ela.
Colocou água limpa na vasilha do cão e falou palavras para o gato a fim de que entrasse em sua casinha de sono. Observou se todas as portas e janelas estavam realmente trancadas, deu uma olhadinha no quarto das crianças, apagou a luz da varanda, pendurou no varal um pano de prato que havia lavado, colocou as meias usadas pelas crianças naquele dia no cesto de roupa suja, trocou palavras de carinho com o filho mais velho que acabava de chegar da escola e foi para seu quarto. Dentro dele, preparou o despertador para acordá-la às 6 horas do dia seguinte, arrumou os sapatos no lugar de costume, escovou os dentes, lavou o rosto retirando o creme que havia passado pela manhã, lixou uma de suas unhas que havia quebrado e foi dormir. A essa altura o esposo, o homem da casa, desligou a TV e em tom sonolento disse: vou me deitar. E foi. Sem mais nada. Que coisa extraordinária a mulher! São fortes. Foram feitas para resistir. Deus as criou para darem exemplos a todas as outras criaturas deste mundo. Minha homenagem a todas elas, principalmente àquelas que colocaram seus corpos à disposição de gerar novas pessoas, sem qualquer medo ou temor de torná-los deformados ou fora de moda.