Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP (fev/2011-jan/2015) e prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008)
Quando foi inaugurada em 1969, a unidade paulistana da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) era um colosso para o abastecimento do País com hortifrutiflorigranjeiros e pescados. Passados quase 46 anos, o ainda maior mercado atacadista da América Latina agoniza.
Todos os atores das cadeias produtivas agrícolas enfrentam as deficiências cotidianas da obsoleta estrutura da Vila Leopoldina. Desde sua inauguração, não recebeu uma única melhoria. Nem quando era administrada pelo Estado. Muito menos quando passou para o governo federal, em troca da amortização de parte da dívida paulista.
Além das instalações primitivas, há restrições ao tráfego de caminhões em vias de acesso ao local, como as Marginais Pinheiros e Tietê, impossibilidade de ampliação e o mais grave: três a quatro vezes por ano, o local sofre enchentes de grandes proporções. Mercadorias ficam boiando e o que se salva vira risco à saúde dos consumidores, porque a maioria é ingerida in natura.
Enquanto deputado federal, levei aos quatro ministros que ocuparam a Pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento insistentes apelos pela substituição do atual entreposto por uma moderna central na Grande São Paulo. Sugeri que as novas instalações ocupassem o Distrito Industrial do Taboão, em Mogi das Cruzes. Nada evoluiu.
Enfim, surgiu uma luz no fim do túnel, com a notícia de que o governo federal aprova a ideia de transferir o entreposto da Vila Leopoldina para uma região ligada ao Rodoanel. Até maio, deve ficar pronto um estudo de viabilidade técnica.
Reforço a indicação do Distrito do Taboão, que fica no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, às margens das rodovias Ayrton Senna e Presidente Dutra, e vizinha do Rodoanel, com fácil acesso ao interior paulista, inclusive ao litoral, e a outros estados e polos de negócios, além de contar com um Terminal Intermodal (ferroviário e rodoviário).
Defendo um megacomplexo de abastecimento que reúna, num único local, comercialização e distribuição de produtos agrícolas e também de insumos – sementes, fertilizantes, defensivos, embalagens, tratores, equipamentos e afins – a todo Brasil. Teria estruturas física e operacional adequadas, incluindo sistemas para leilões eletrônicos, além de pavilhão de exposições, espaços para eventos, escola técnica agrícola para formação de líderes rurais, centro de pesquisa específica para hortifrutiflorigranjeiros e assistência técnica ao produtor, entre outros recursos.
Com certeza, um empreendimento com esse conceito formaria multiplicadores no segmento da importantíssima policultura, com difusão de técnicas de plantio, estratégias de comercialização, organização em cooperativas, associações e sindicatos. Tudo, com aparato invejável, porque os produtores rurais precisam e merecem viver com lucros e rendas.
Essa é a realidade factível neste imenso Brasil para contra-atacar o malfadado êxodo rural e sepultar, definitivamente, o modelo equivocado de reforma agrária, que só serve para enriquecer pseudo-líderes – verdadeiros demagogos e sanguessugas dos ditos miseráveis sem-terra. Antes de ser mero dono de um pedaço de terra, o sucesso da agricultura familiar exige pesquisa, assistência técnica, capacitação, profissionalismo, informação e conhecimento para produzir com eficiência e rentabilidade.
O megacomplexo garantiria às cadeias produtivas um canal ágil e eficiente de comercialização, proporcionando ao consumidor abastecimento apropriado, com produtos de melhor qualidade e menores preços, em função da redução de custos e perdas. Vale considerar a ideia. O Brasil agradece.