Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP (fev/2011-jan/2015) e prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008)
A cada ano, a Semana Santa serve para refletir. E, como cristãos, termos a coragem de mudar posturas. Vale rememorar o dantesco sacrifício de Jesus para derramar o perdão divino sobre nosso mundo de mortais pecadores. A questão que perdura ainda é: mostramos uma lasca de mérito?
A sucessão de atrocidades que a raça humana insiste em cometer prova que não construímos uma nesga de esperança para o Cordeiro de Deus. Sua tortura, mutilação e aniquilamento parecem ter passado ao largo da ambição desmedida e sede de poder da humanidade.
Porém, prefiro me apegar à fé que ainda tenho no ser humano. Se as barbáries multiplicam vítimas no planeta, também existem pessoas de bem, capazes de atitudes inomináveis de bondade. De doação e gratidão.
Falo de pequenos gestos de amor. Falo de ceder o lugar no ônibus, ajudar alguém a atravessar a rua, adotar um animalzinho abandonado, dividir o lanche com um necessitado, dar um abraço apertado em quem precisa e outras tantas atitudes quase invisíveis a olho nu, em meio ao conturbado palco de grandes feitos e malfeitos.
Penso que neste período de louvar a ressurreição de Jesus, podemos nos esforçar para rever comportamentos, renascendo como fez Ele e, apesar das nossas limitações, buscar meios de concretizar mais pequenos gestos de amor. A soma das minúsculas ações de bem pode gerar um movimento forte de bondade.
Se você é pai, mãe, avô, avó, tio, tia ou convive com crianças e adolescentes, pode fazer mais. Pode tentar repassar-lhes a lição dos pequenos gestos de bondade. Não uma ou duas vezes. Mas, o tempo todo. E agindo com a consciência de inspirá-los a condutas melhores.
Antes de saborear a bacalhoada ou uma deliciosa sardinha nesta Sexta-Feira Santa, vamos refletir um pouco sobre o sofrimento de Jesus. Visto como ameaça pelos poderosos, Ele foi crucificado por ser diferente. Por ser um líder imbatível, porque pregava o amor incondicional. Amor a Deus, aos pais, aos filhos, aos amigos, aos companheiros, aos desconhecidos, aos inimigos.
A Sexta-Feira da Paixão deve nos conduzir à reconciliação. Com aqueles a quem magoamos, com aqueles que nos magoaram. É um dia para o perdão. Na cruz, à beira da morte física, Jesus elevou o pensamento ao Pai e pediu que Deus perdoasse seus algozes. Quem somos nós para negar ou para não pedir perdão?
Vamos fazer uma faxina interior e tirar de nós tudo o que seja contrário à bondade, paz, solidariedade e ao amor. Então, no Domingo de Páscoa, celebraremos de verdade a ressurreição de Jesus. Com ou sem ovos de chocolate, tanto faz. O fundamental é acalentar nossas almas com o mais puro sentimento de felicidade. Jesus está vivo em nós. E que Ele renasça, a cada dia, em nossos corações, fazendo-nos praticar as lições que ensinou. Mesmo que comecemos por pequenos gestos de bondade. Feliz Páscoa!