Em julho de 2008 já escrevi o seguinte:
“Me divertiu muito uma sugestão que ouvi de uma pessoa:- Que o Governo Federal criasse mais um Ministério, o Ministério da Corrupção. E, completava o pensamento dizendo:- Assim, corrupção teria dotação orçamentária e todos saberíamos quanto ia custar por antecipação. Nossa dor, possivelmente, seria menor. -Só faltava, mesmo por brincadeira, estarmos ouvindo tal sugestão. Sinal de que no Brasil banalizou-se a safadeza. Na falta de seriedade, por muitos dos responsáveis, com a coisa pública, nada melhor que uma piada de mau gosto. Certo? Eu não diria que sim. Pelo contrário, me sinto profundamente infeliz ao perceber que a opinião pública está desacreditada com a maioria dos que deveriam fazer valer a manutenção da ordem moral das instituições e da tranquilidade dos cidadãos. Isto é uma calamidade”.
Quase sete anos depois estamos assistindo o desdobrar da tal Lava-Jato. Um título que deveria ser sinônimo de limpeza para automóveis serve agora para qualificar desdobramento de investigação policial. E, pior, fica provado, a cada dia, que alguns que foram eleitos para cuidar do bom andamento da administração pública fizeram parte de um assalto sem precedentes.
Com razão a população fica arredia aos políticos. Nem todos possuem culpa em cartório, porém, percebe-se claramente que falta coragem aos chamados bons para “chutarem a lata” e estancarem os ralos da corrupção. Sabemos lá até quando vai perdurar a desfaçatez e a falta de respeito com o bem público.
Por outro lado ficamos lendo que a Presidenta está enfraquecida porque tem de ouvir o pessoal do Senado e da Câmara. Mesmo que não concordemos com todos os que estão nessas casas, devemos entender que o equilíbrio de poderes é uma premissa de regimes democráticos. O Presidente não pode tudo, aliás, o certo é que faça as propostas e acate o que o Congresso decidir.
Portanto, o diálogo entre poderes faz parte da boa governança, caso contrário é ditadura.
Se o Brasil está na “pindaiba” que está é porque o Congresso foi fazendo tudo que os Presidentes anteriores quiseram. Agora, mesmo que por linhas tortas, é preciso enfrentar a dura realidade. Melhor dizendo “a farra do boi acabou” e sobrou para a plateia pagar a conta. Ruim né?
Por isso mesmo, sempre preguei que em nossas comunidades fossemos mais presentes nas decisões locais. Se não podemos consertar o país pelo menos podemos coibir excessos em nossas cidades. Se a Prefeitura de onde vivemos está “duranga”, não devemos atiçar os administradores para a gastança. Temos que ter sempre presente que uma casa constrói-se tijolo após tijolo e sempre que houver “tutu” para pagar. Se uma obra pode ser deixada para outros tempos por que acelerá-la em momentos de crise nacional e de arrecadação? Não deve ser vergonha nenhuma para um Prefeito e Vereadores confessarem que o município perdeu arrecadação porque o movimento econômico geral diminuiu. Pior será mentir, enfiar o pé na porcaria e depois enfrentar complicações e deixar o município em má situação. Sem dúvida, o momento é de cautela.
Não estou escrevendo assim por causa de nossa Votuporanga, mas que sirva para todos os municípios, principalmente de nossa região, ou de outras que pretendam ter juízo.
Melhor que ficar comentando as mazelas passadas é preparar um futuro mais firme para nossas cidades. Façamos isto.