Prof. Manuel Ruiz Filho é colaborador deste jornal
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O universo em que habitamos é uma vasta e maravilhosa loja de livros. Não se pode ter dúvida disso. Nosso planeta é tão somente um estante dessa livraria. E nós? Ah... Somos os livros colocados em uma de suas estantes. Da mesma forma que muitas pessoas adquirem livros pela beleza da capa, pelos desenhos nela estampados, sem nenhuma preocupação de seu conteúdo ou qualquer tipo de pesquisa, elas assim avaliam os outros pela forma física, pela aparência externa e sem nenhuma consideração por outros atributos da maior relevância. Alguns até procuram livros com títulos sensacionalistas, extremamente românticos ou até mesmo causadores de impactos e aterrorizantes. Não raramente, assim são as pessoas. Há aquelas que buscam sensacionalismos baratos, dramas alheios ou apenas um romance, seja profundo ou sorrateiro.
Na verdade, podemos dizer que somos homens-livros, vasculhando e lendo uns aos outros todos os dias. Situações acontecem que na análise o homem que lê fica restrito apenas à capa, sem aprofundar sua leitura nas páginas vivas de um coração que pulsa. A capa até pode ser muito interessante, mas é no conteúdo que brilha a parte essencial do livro com ausência de títulos. O corpo pode até ter uma bela plástica, mas é o espírito que dá brilho a tudo. É o espírito que ilumina o corpo.
Podemos ler nas páginas da experiência coisas alucinantes, de uma sabedoria incalculável. É claro que depende do que estamos buscando na estante. Podemos ver em cada homem-livro um belo texto impresso nas linhas do físico, porque Deus realizou o desenho do ser humano nessa figura. Quando o Criador rabiscou você, Ele assinou embaixo, mas o que escreveu só quem lê o interior do livro é que fica sabendo. Só quem transcende a ilusão da capa e mergulha nas páginas da vida íntima de alguém é que consegue descobrir o valor real, humano e espiritual de uma pessoa.
Sejamos nós, leitores conscientes sem nos restringir à ilusão bela da capa ou de qualquer folha seguinte, não nos deixando influenciar pelos desenhos que a retina registra. Que em cada página de nossos corações possamos ler uma história de amor profundo. Que nossos espíritos possam expressar os mais lindos contos imortais de uma leitura interessante, humana e criativa, a quem quer que seja nas mais significativas estantes da livraria-universo. Que a capa do nosso livro possa ser amassada ou até mesmo rasgada, mas nossas ideias e nossos sentimentos jamais se importarão com isso porque expressam uma verdade incontestável. O que ainda não conseguimos escrever com clareza nas nossas páginas, com certeza o faremos mais adiante e mais uma vez publicaremos na editora da vida. Nossos filhos e netos darão seguimento ao que fazemos, ficando responsáveis de colocar ‘nossos livros’ na estante-futuro que os aguarda.