Prof. Manuel Ruiz Filho é colaborador deste jornal
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O que pode levar um ser humano a cometer uma atrocidade, um crime sem nenhuma dose de medo ou de compaixão? Não é fácil essa resposta, mas alguns entendidos do assunto dizem que uma característica inconfundível do psicopata é exatamente a ausência de emoções e de se colocar no lugar daquele que sofre sua atitude.
Esse indivíduo não consegue imaginar as consequências de seus atos. Dizem os especialistas que esse ‘doente’ chega mesmo a tentar imaginar o que os ofendidos por ele pensam, mas não conseguem entender como realmente o ofendido se sente. O proprietário da psicose chega até mesmo a se relacionar socialmente, mas pouco consegue ver as pessoas com as qualidades que têm e sim como uma coisa ou um objeto.
Segundo pesquisadores, a psicopatia é uma anormalidade psíquica, uma aversão à sociabilidade, dado uma alteração patológica do indivíduo. Em razão de essas criaturas serem insensíveis à dor física não são elas portadoras do medo, de humilhação ou de qualquer restrição que a sociedade possa lhes fazer, e aí agem como se ninguém estivesse percebendo suas atitudes.
É muito lógico que o grau psicopático é elástico e se estende para mais ou para menos dependendo da criatura que o carrega. Portanto, existem psicopatas ‘mais’ ou ‘menos’ perigosos para a sociedade, embora, acredito que os menos perigosos também estão propensos a cometerem atrocidades inesperadas, porque a doença não se limita a uma fronteira finita. Outro dia, numa pequena cidade vizinha, um indivíduo colecionador de veículos antigos passeava em plena praça central com uma prancha de surf sobre o teto do carro, tentando mostrar para a sociedade local a sensação de que era um exímio frequentador das praias brasileiras. Que eu o saiba ele nunca foi a uma praia, simplesmente pelo fato de não ter que gastar consigo mesmo ou com outras pessoas. Deve ser uma psicopatia das consideradas leves porque não promove qualquer tipo de transtorno aos semelhantes e sim uma sensação de ‘bem-estar’ em si mesmo.
Agora, existe o psicopata mais atrevido e de comportamento insaciável. Temos neste país uma enorme quantidade em todos os níveis públicos. Esse pessoal enquadrado na operação ‘Lava Jato’ ou ‘Mensalão’ não tiveram limites quanto aos valores que roubaram. Imagina você, caro leitor, os milhões que essa gente tem em suas contas bancárias e nem por isso param de saquear o dinheiro público. Eles não sentem medo porque na cadeia sabem que não ficam por tempo nenhum e se ficarem por pouco tempo continuarão roubando lá de dentro mesmo. O que aconteceu com eles é que mudaram seus quartéis generais para um local mais seguro e cheio de mordomias. Esses são psicopatas mesmo, na essência da palavra, porque matam de fome milhares de brasileiros, proibindo-lhes o acesso à saúde e à educação, entre outros. São psicopatas primários, não respondem ao castigo, à apreensão e nem à desaprovação e são capazes de inibir seus impulsos antissociais por quase todo o tempo. A maioria deles é mentirosa, mas dotada de talentos incomensuráveis. Os depoimentos que o digam. Os menos ofensivos até se juntam em pequenos grupos em cidades menores e realizam negócios burlando a sociedade, claro, participando de uma forma ou de outra em loteamentos ou atividades que lhes tragam ainda mais riquezas. Um dia a casa cai, com certeza. Essa é uma visão de leigo, mas que pode ser facilmente entendida e de forma contundente por todos aqueles que têm o prazer da leitura.