Prof. Me. Manuel Ruiz Filho é colaborador deste jornal
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É muito interessante quando se fala em Educação, pena que pouco se conhece dela. É um tema muito discutido nos últimos tempos. Muita gente falando de Educação e que não sabe o que é isso na prática. Estou falando de Ensino de Verdade. Aqui nesta cidade até um apelido sem fundamento foi colocado: ‘capital da educação’!!! Acho que isso se deveu à entrega de mochilas escolares pelo poder público, que nada tem a ver esse fato com a tão sublime educação. A desistência dessa bestialidade foi oportuna porque nada tem a ver o fato político com o processo educacional. A inclusão do conhecimento, da cidadania e outros atributos na criança e nos jovens têm a ver com competência e não com dinheiro. A desistência era óbvia e o apelido não vingou, envergonhou! Para uma educação de qualidade é preciso um projeto muito profundo, Educação não é apenas juntar alunos dentro de sala de aula e nem utilizar de profissionais sem competência alguma.
O projeto educacional de uma cidade é muito maior que aquilo que sonham seus dirigentes políticos. Os senhores executivos e os senhores legislativos precisam querer atingir metas de educação que vão muito além dos seus conhecimentos escolares.
É preciso compreender que um secretário de Educação precisa ter muito tempo de experiência na área ou ter no sangue uma enorme qualidade de análise e compreensão do que seja uma escola em toda sua trajetória, desde o ensino maternal até o superior, com vivência na área, inclusive. Eu até arriscaria dizer que seria preciso mais ou menos 30 anos de vivência na área. Caso contrário, não sabem o que falam, não sabem o que fazem e muito menos onde é preciso chegar. Então, é necessário saber quem tem experiência comprovada de ensino em todos os seus aspectos, com conhecimento de projetos educacionais consistentes e que possam ser avaliados de forma segura pelos resultados que apresentarem. Com certeza, os dirigentes escolhidos adotariam estratégias de ensino capaz de cobrar insistentemente todos os diretores de escola, a ponto de exigir um cumprimento de metas decisivas na formação dos alunos. Os diretores escolhidos administrariam suas escolas em conjunto com coordenadores de ensino, com conhecimento do dia a dia de cada unidade. Esses coordenadores trabalhariam em consonância com as coordenadorias de outras escolas com a intenção de trocarem experiências vividas. As tarefas desses profissionais ficariam restritas à cobrança do cumprimento do projeto pedagógico de cada unidade, averiguando os resultados da aplicação dos conteúdos lecionados pelos professores. Inclusive, cobrando de forma severa o trabalho de cada professor dentro da sala de aula no que tange a sua postura como promotor do ensinamento. Deveriam acompanhar o conteúdo lecionado com o programado a lecionar de acordo com o plano de ensino de cada disciplina, bem como verificar se o conteúdo exigido nas provas são os mesmos contidos no plano para cada bimestre. As provas deveriam ser previamente encaminhadas aos coordenadores para análise e para serem arquivadas nos prontuários das respectivas disciplinas.
Alguns professores estão professores, mas não o são. Na verdade, são profissionais despreparados e desmotivados pelo pouco que ganham, embora isso não seja desculpa. Quem não é do ofício saia e procure outro ramo que não seja a exploração da formação de uma sociedade. Muitos não têm a responsabilidade necessária e eu conheço diversos deles, só falam em aposentadoria. Lecionam sentados atrás de uma mesa como se dali pudesse empreender a motivação necessária para os alunos. Às vezes, até corrigindo provas dentro da sala de aula enquanto observa seus alunos a dedilharem celulares. Isso é um desrespeito e uma vergonha. Para entrar numa sala de aula como professor é preciso ser mestre, mas para isso não vejo a necessidade de cursar o mestrado. É preciso agir como mestre. Ensinar sempre, independente de qualquer outra situação que não lhe agrade. Entretanto, mais deplorável ainda são as atitudes daqueles que os colocam e não se responsabilizam pelos resultados.
Professores sem formação adequada massacrando a língua portuguesa em suas falas e não sabendo formas elementares da matemática nas exigências mais simples dessa ciência. Outro fator lastimável da educação é a não participação da família no processo de ensino. Os pais colocam seus filhos nas escolas imaginando que elas têm a obrigação de educá-los de todas as formas. A escola tem a obrigação de alfabetizar e profissionalizar seus alunos, dando-lhes o saber do conhecimento para enfrentarem o mundo que os aguarda. Não tem ela a obrigação de ensinar o respeito, a delicadeza, a fineza, a religiosidade, entre outros atributos de uma formação decente. Esses atributos são de responsabilidades da família.
Pai e mãe são os primeiros professores de seus filhos. As unidades escolares precisam ter reuniões semanais com uma comissão de pais para que eles participem da vida escolar dos filhos. E pelo menos uma vez por mês todos os pais deveriam se reunir nas escolas para tomar conhecimento de como está seu filho no processo escolar. As ausências em aulas deveriam ser analisadas de forma eficiente pelos conselhos tutelares (com gente gabaritada e não tão somente pretenciosos de salários) para acompanhar os alunos no dia a dia, responsabilizando os pais pelo comportamento irregular de seus filhos no processo de ensino.
Como parte do aprendizado, os alunos, após o término das aulas, deveriam realizar mutirões de limpeza na sala de aula, dispensando qualquer tipo de profissional para tal finalidade, incutindo-lhes a responsabilidade de uma obrigação fundamental. Em países adiantados isso já existe há muito tempo. Os ensinamentos de cidadania, de ética e de bom senso nas escolas são indispensáveis para quem quer ter no futuro cidadãos comprometidos com a posteridade de próximas gerações. É preciso ter pessoas competentes para pensarem como fazer desta cidade, deste estado e deste país uma nação de primeiro mundo, com taxas de criminalidades insignificantes que nos façam valer a pena sermos brasileiros. Ao nos tornarmos adultos é necessário parar de escutar o que as pessoas dizem. Muito melhor é prestar atenção no que elas fazem.
Espero que tenham feito uma leitura crítica deste texto, buscando o que ainda precisa ser agregado a ele para melhorá-lo. Sabemos, também, que ele pode ser motivo de discordância. Isso é democrático, entretanto, um físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos de nome Albert Einstein um dia falou: “grandes almas sempre encontrarão forte oposição em mentes medíocres”.