Renan Gratão é Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal
de Justiça de São Paulo e colabora com este jornal
Quem nunca ouviu aquela frase: “Brasil, o país do futuro.” Que futuro? Será que ainda existem pessoas que acreditam nessa hipótese? O Brasil parou de prosperar há muito tempo, se é que chegou a desenvolver-se; particularmente falando, eu ainda tenho minhas dúvidas a respeito disso.Estamos em declínio total, na maioria dos setores. Vejamos:
Na governança, os fatos mostram que nossa situação não é boa; e aparentemente conseguiram piorar muito. Uma corrupção sem fim: eram milhares, passou para milhões; e até onde vai a ganância do ser humano? Agora, fala-se de bilhões desviados, subtraídos, furtados da pátria amada.
Enquanto a minoria brinca de roubar a nação, a maioria vai pagando a conta disso tudo, antes fosse apenas o que já pagávamos, mas não basta! Tudo aumentou: impostos, conta de energia elétrica, preços dos alimentos, combustíveis; o verdadeiro efeito dominó. Coitada dessa terra, da mãe natureza, até ela entrou na dança: crise hídrica no sudeste; seca no sertão; enchente no norte; como se a culpa fosse do planeta. Por que eles não fazem assim: pedem desculpa e vão embora? Todos eles, sem exceção. Já que dificilmente passarão um longo período atrás das grades.
Outro aspecto interessante está na música. Fazendo uma rápida análise do que tocou no Carnaval, lamentável! Mas talvez seja apenas impressão minha, contudo já faz alguns anos que são sempre as mesmas músicas, entra uma ou outra nova, de sucesso repentino e logo se perdem, pelo fato de não terem características de uma boa música. Parece que nossa fábrica de criações artísticas também vai de mal a pior.
Futebol! “O Brasil é o país do futebol!!!”“Que futebol, cara pálida?” Uma seleção que depende de um único jogador, não pode ser considerada como um grande time. Sem muitos comentários, mas ano passado sofremos a pior derrota da história do futebol brasileiro na semi-final da copa do mundo, disputada em casa. Este ano uma eliminação vergonhosa para o Paraguai nas quartas de finais da Copa América. Ah! Mas o Campeonato Brasileiro está entre um dos campeonatos mais disputados do mundo. É lógico que está! Com um monte de time ruim onde todos podem ganhar de todos, é obvio que fica disputado, mas está bem longe de ser um campeonato atrativo para quem gosta de um bom futebol. E muito aquém de ter grandes jogadores, grandes lances, grandes jogos.
E, por fim, talvez o mais importante de todos: a economia brasileira. Por certo tempo, nos últimos anos, até chegamos a ultrapassar a França e ficar como a sexta maior economia do mundo, mas foi breve, nosso lugar é sétimo. Contudo, não por muito tempo, não produzimos mais como antes, a lista de demissões aumenta a cada dia, o custo da produção também, devido aos aumentos, já citados. E, antes que possamos trocar a folinha de 2015 pela de 2016, a Índia - com todo o seu caos no trânsito, sem direção; onde motos, carros, pedestres dividem espaço com elefantes e outros animais - passará a ser a sétima economia do mundo.
Se bem que este texto é apenas uma visão ampla, genérica e superficial dos fatos, nossa realidade é muito mais triste do que foi relatado.
Estamos em total declínio e ninguém pode negar os fatos. Não é o fim do mundo, nem dos tempos, entretanto, para os esperançosos seremos sempre o país do futuro. E para os descrentes nunca seremos nada, porque dificilmente teremos educação, saúde e segurança de verdade, e sem essa base não se chega a lugar algum. Contudo, como bom seria nosso belo país se todo o dinheiro nos últimos 20 anos desviado tivesse virado escolas, hospitais, transportes coletivos, estradas, entre outras coisas que nos faltam, com bons profissionais e infraestrutura adequada para desempenharem seus papeis na sociedade, poderia ser que estaríamos perto de viver dignamente.